segunda-feira, setembro 26, 2011
segunda-feira, setembro 19, 2011
New York, New York!
quinta-feira, setembro 15, 2011
quarta-feira, julho 27, 2011
My tears dry on their own
segunda-feira, junho 20, 2011
Há anjos
que não compreendem o que dizemos
que não compreendem o próprio sentido
das palavras que, incessantemente, repetem
da esperança universal de que têm de no convencer diariamente.
Há anjos que ressonam como foles
que andam cansados porque estão acordados há séculos
que precisam de ser transportados às costas
alimentados intravenosamente
protegidos da ferocidade do mundo.
Há anjos que lêem livros
anjos que escrevem poemas.
Há anjos que deixaram crescer a barba
que gostam de se deixar adormecer pelo comovente murmurar
das barbearias.
Há anjos que acabaram de nascer
que têm nomes vulgares
que viajam de avião
que até gostam de aeroportos.
Há anjos secretamente apaixonados por fadas,
por longos rios cheios de luzes
por súbitos glaciares.
Há anjos que são subcutâneos.
Há anjos que estão sempre com febre
que são ingénuos como enigmas.
Há anjos que vivem em arranha-céus,
que trabalham duramente em andaimes
de onde às vezes se precipita de propósito.
E há anjos que são funâmbulos.
Há anjos que talvez nos surpreendam
que às vezes nos saúdam, disfarçadamente, por entre a multidão
que abrem os olhos de noite.
Que, na sua voz interrompida, mutilada,
pedem calma.
Pedem muita calma."
António Ladeira
sexta-feira, junho 17, 2011
Get a life
terça-feira, maio 24, 2011
Mealheiro dos sonhos
segunda-feira, maio 09, 2011
Don't count the days, make the days count
quinta-feira, abril 21, 2011
A cor da Felicidade
segunda-feira, abril 18, 2011
Tempo de arrumações...e de chegada a conclusões
segunda-feira, abril 04, 2011
quinta-feira, março 31, 2011
Pertenço à geração "casinha dos pais"
quarta-feira, março 30, 2011
Leituras
terça-feira, março 29, 2011
Na próxima vida quero ser...um cão
segunda-feira, março 28, 2011
Excerto de "Tabacaria"
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda
que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades
do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant
escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta
ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada."
Fernando Pessoa
Afinal os sonhos também sofrem subidas na taxa de juros...
quinta-feira, março 24, 2011
O que será do amanhã se nem sabemos do hoje
quarta-feira, março 09, 2011
Há coisas que nunca mudam
Com a quase chegada à tão “abominável” e temida entrada nos 30, paro um pouco e reflicto sobre tudo o que ouço – de amigos, de familiares, de desconhecidos que conversam sem se aperceberem que ali ao lado está alguém atento às palavras trocadas.
Os 30… a primeira reacção: “Que horror, estou a ficar mesmo velha!”, ou então: “Já?? Como o tempo passa depressa…”. Pois passa e, infelizmente, passamos cerca de um quarto de vida a desejar “ser grande” para depois chegarmos à conclusão que bom era ser criança e, a partir daí, passarmos o restante quarto de vida e a outra metade a desejar não termos crescido tão depressa.
Tenho algumas amigas que já completaram os seus 30 anos de existência. E amigos também, a maioria. Mas para os homens a entrada nos 30 está longe de ser um drama. Afinal os trintões, aos olhos de muitas mulheres, esbanjam charme, já sendo expectável a maturidade, o respeito, o cavalheirismo e a dedicação que aos 20 não nos davam por – pensamos nós – infantilidade, despreocupação e/ou distracção.
Mas 30 anos para uma mulher são tudo menos razão para festejos efusivos. Começamos a queixar-nos das rugas (e, consequentemente, a corrermos para comprar os cremes anti-rugas que antigamente só a mãe e a avó precisavam/usavam), a repararmos que o rabo está descaído, que as mamas já não são bem o que eram e que, no geral, todo o nosso corpo apresenta uma certa flacidez e alguns defeitos nunca antes detectados. Aparecem brancas no cabelo, a memória deixa de ser o que era, e tudo isto…de um dia para o outro.
Não será antes o facto de, a partir desse dia, olharmos para nós ao espelho e passarmos realmente a VER? Sim, porque antes, ainda sem a pressão inerente a esta idade ou sem os complexos “impingidos” pela sociedade, simplesmente olhávamos para o espelho…mas não víamos o que de um minuto para o outro passa a ser uma dor de cabeça.
Na rua passamos a aperceber-nos que as pessoas nos tratam por “senhora” em vez de “menina”. Mas nem ligamos ao pormenor dessas mesmas pessoas serem miúdas de 18 anos, e que também nós nessa idade achávamos os trintões uns “cotas”. Em todo o lado começam a perguntar-nos pelo casamento, pelos filhos, pela casa…e muitas de nós, mulheres de 30 anos, ainda vivemos com os pais, sem perspectivas desse futuro pelo qual nos perguntam, embora já com uma vontade imensa de o viver.
Ainda tenho 4 meses para aproveitar a casa dos “20”. Mas VEJO-ME e as rugas estão aqui. Em torno dos olhos, nos cantos da boca. Rugas de expressão, como lhes chamam. Não apareceram hoje, nem ontem, nem tão pouco sei precisar o momento em que surgiram, mas já cá andam. É natural, fazem parte da evolução normal de um ser humano. Se gosto delas? É óbvio que não. Mas o que fazer? Tenho de aprender a lidar com o envelhecimento e tentar minorar o seu desenvolvimento com o que actualmente existe. Exercício físico, cosméticos, tratamentos de estética. Já é uma sorte existir essa evolução científica e podermos usufruir dela. Quanto ao resto nada de muito diferente a declarar. O peito está no lugar, o rabo – maior ou mais pequeno – tem a sua cruz e nunca fará parte das minhas preferências. O cabelo continua forte e a dar trabalho q.b., a memória já foi melhor mas ainda está longe do inimigo Alzheimer.
O meu corpo vai realmente fazer 30 anos. Não há remédio nem volta a dar. Mas o meu “Eu” interior está longe de envelhecer e de acompanhar o ritmo do meu físico. Penso em mim, na minha pessoa, e sorrio. É que às vezes tenho a plena noção de que devo mesmo “roçar” nos limites do ridículo. Continuo a sentar-me no degrau de uma escada, na beira de um passeio, ou até no chão se for preciso. Continuo a escrever “bilhetinhos” como fazia nos tempos de estudante, mas agora em reuniões de trabalho. Continuo a ter ataques de riso incontroláveis quando vejo uma imagem cómica – ou não –, quando ouço o impensável, quando vejo cenários inesperados, ou quando me lembro de momentos únicos. Pior mesmo é ter estes ataques de riso sem motivo aparente e não conseguir parar por ficar nervosa exactamente… por não conseguir parar. Continuo a atirar-me para o chão quando o riso já me faz doer a barriga. Continuo a ver desenhos animados e a chorar com a história, se for triste. Continuo a ir à queima das fitas para estar com os amigos, a saltar de barraca em barraca, e sair de lá aos S’s. Continuo a tropeçar por estar distraída, a pensar no dia de ontem, ou a deixar cair tabuleiros e objectos afins por ter mãos de manteiga. Continuo a vestir calças rotas, a calçar "All Star" e a comprar camisolas com bonecos da BD. Continuo a gostar de entrar em parques infantis e andar nos baloiços e escorregões. Continuo a fazer sons parvos e a inventar nomes idiotas para dar às coisas ou às pessoas. Concluindo, continuo igual a mim própria.
Não sou casada, não tenho filhos, não tenho casa. Mas tenho trabalho e um tecto graças aos meus pais que me permitiram tê-lo. Sou saudável, tenho bons amigos, um namorado (até agora) perfeito, e muitos outros detalhes que fazem o meu dia-a-dia feliz.
Quanto ao que ainda falta “life goes on”, caminhando se faz o caminho e tudo o tempo se encarregará de esclarecer. Também já ouvi dizer, por várias bocas, que a fase dos 30 é a melhor fase da mulher, em todos os aspectos. Se assim for até fico expectante.
Independentemente de tudo, há coisas que nunca mudam, e continuo a ter em mim “todos os sonhos do mundo”.
05/03/2011 – Escrito metade na terra, metade nos céus
quarta-feira, março 02, 2011
Assim vai Portugal...
Em Portugal, há que ser especialmente talentoso para corromper. Não é corrupto quem quer
Por Ricardo Pereira Araújo in Visão
terça-feira, fevereiro 22, 2011
segunda-feira, fevereiro 14, 2011
Só sei que muito sei
E foi isso. Achei sempre que pouco era melhor do que nada. A triste realidade é essa. Já não me lembro de quantas vezes me senti remediada, assim-assim, vai-se andando. De quantas vezes parti a alma e de quantas a voltei a colar. De quantas vezes me apaixonei e de quantas jurei para nunca mais. Que as coisas do amor não eram para mim e mais valia estar quieta. Uma treta. Nunca consegui estar quieta. E via os acidentes emocionais a darem-se e não podia fazer nada para os evitar. Nem sequer fechava os olhos para não ver. Meti-me em muitas relações sem cinto de segurança, e depois achava estranho fazer mais uma fractura no espírito. As cicatrizes que para aqui vão.
A verdade é que sempre fui uma crente, uma utópica, uma arrebatada. Uma totó, a palavra não é outra. Se calhar ainda sou, mas de aliança no anelar esquerdo. Afinal, amor podia ser outra coisa que não uma sofreguidão desatada, uma correria sem meta à vista. Afinal, comecei a perceber, amor era 50/50. E dias mais calmos. E tardes no sofá. E filmes, e séries, e amigos à mesa. E conversas, e planos, e os nomes dos filhos que se quer ter. E uma conta corrente, este mês pago eu a empregada e tu a conta da luz. E dizer que um cão num apartamento nem pensar. E voltar atrás e dizer que sim, haja espaço e boa vontade. E pegar num mapa e ver quanto mundo nos falta ver. E decidir quem desce a pé os três andares para deixar o lixo, quem se arrasta para tratar da louça, quem encaminha a roupa para os armários, quem atira com a carne para o forno (ontem fui eu, hoje és tu). Gosto deste amor. Gosto muito deste amor que me dá beijos quando chego a casa, que não vive imerso em dúvidas existenciais e pós-modernas, que há já algum tempo que sabe o que quer. E que me quer a mim. Disse-o no altar, à frente de todos. Estava lá e ouvi.
Retiro o que disse. Tenho 30 anos e sei quanto baste sobre o amor. Quem me dera ter 20 e saber o que sei hoje".
Ana Garcia Martins in Jornal Metro
Nunca liguei "puto" ao que esta jornalista escreve. Mas hoje, não sei bem porquê, perdi um bocadinho do meu tempo, sentei-me e li este texto. Poderia ser meu Por isso, pelo menos desta vez, tiro-lhe o chapéu e transcrevo cada palavra destes parágrafos no meu blogue. Porque realmente, houve um tempo, que longe vai - tanto que mais parece que, felizmente, nunca existiu -, em que para mim o amor era conflito. Eram lágrimas. Era medo. Era insanidade. Era eterna incerteza. Mas hoje sei o quanto estive enganada e estou grata, apenas e só, pela oportunidade de ter aprendido com os erros de tamanha ilusão (com imaturidade e inocência à mistura).
Hoje eu sei que nunca antes tinha amado. Todas as histórias (supostamente) de amor não passaram de alegorias. Porque hoje eu sou feliz por amar. De verdade. Sem dúvidas a consumir o pensamento, sem rancores a corroer o coração, sem medos a impedirem o caminho que trilho para a concretização dos meus sonhos.
Hoje amo porque partilho; amo porque sorrio todos os dias; amo porque acredito; amo porque há equilíbrio; amo porque existe amizade; amo porque me sinto amada. Em pleno.
Nada mais a acrescentar. O texto transcrito acima diz tudo. Porque, afinal de contas, podia ser meu...
domingo, janeiro 30, 2011
Porto Seguro
Lembrar-me dele e sorrir.
Pensar em nós e acreditar.
Vê-lo e os meus olhos brilharem.
Ele tocar-me e a minha respiração aumentar de ritmo.
Abraçá-lo e dois transformarem-se em um.
Beijá-lo e esquecer o mundo.
Senti-lo e o meu coração bater forte.
Dar-lhe a mão e sentir conforto.
Estarmos lado a lado e estar protegida.
O amor é isto que tenho. É a tranquilidade, a harmonia, a confiança, a ternura, o carinho, a amizade, o companheirismo, a cumplicidade, a esperança, a certeza, a compreensão, a dedicação, a partilha, a simplicidade.
O amor é tudo aquilo que antes não conhecia. É tudo aquilo que antes apenas sonhava. É tudo aquilo que só via em filmes. É tudo aquilo que conseguia ler nos bons livros. É tudo aquilo que jamais tinha sentido. É tudo aquilo que nunca ninguém me tinha dado.
O amor és Tu. É tudo aquilo que as palavras ainda não conseguem transmitir. É tudo aquilo que sempre quis ter e que agora tenho. Que embora antes só conhecesse em sonhos, continua a fazer-me ter todos os sonhos do mundo. Contigo.
És o meu sorriso, a minha calma, a minha força, a minha felicidade, a minha vida.
Sou apaixonada por ti sem medos. Obrigada, Meu Bem, por estares comigo, por gostares de quem sou, por me deixares ser como sou, por me fazeres sentir especial, por me quereres amar, por quereres que eu te ame.
És o meu complemento, és parte essencial de mim, és…simplesmente Tu.
Encontrei-te e quero deixar-te ficar comigo...hoje, amanhã e depois do amanhã. Obrigada por fazeres parte dos meus dias...por me puxares os lençóis a meio da noite e por envolveres o meu sorriso com a magia do teu. Amo-te!
quinta-feira, janeiro 13, 2011
"Para ser grande sê inteiro"
Reis é assim, como Caeiro, aquele que aceita a vida sem pensar, mas Reis, oposto de Caeiro, sente em si mesmo a opressão da Natureza e da vida. Se Caeiro aceita ingenuamente a realidade, Reis ressente-se com ela e gera em si mesmo um sofrimento com a perda que escolhe ser a sua.
Caeiro acredita num Deus fora de si que é um Deus disforme, feito Natureza, enquanto Reis confia em deuses incertos e vagos, símbolos rasos de uma crença pouco uniforme, à maneira dos clássicos, em que os deuses informam nos medos e nas desconfianças dos homens.
(...)
Reis, se por um lado defende não haver uma fé em que o 'homem seja inteiro', defende por outro que o homem 'seja inteiro sem a fé'. É um principio basilar da filosofia de Ricardo Reis que o homem encontre no seu sofrimento a sua nobreza, ou seja, que aceite a dor da vida de maneira inteira, que seja inteiro nesse sofrimento, mesmo que não seja inteiro numa fé. É mesmo por não ser inteiro numa fé que o homem deve ser forte em ser inteiro na realidade, como é.
'Para ser grande, sê inteiro', diz Ricardo Reis. O homem, porque aceita a realidade, deve ter uma atitude nobre mesmo perante o sofrimento que vem com essa aceitação.
'Nada teu exagera ou exclui'. Reis defende que o homem abdique de tudo, mas que não abdique de si próprio. Apenas aquilo que é ilusório deve ser extirpado da experiência humana, porque apenas traz ao homem a humilhação. Entre essas coisas estão a religião e o amor.
Ataraxia - calma de espírito, resignação - e em Reis sobretudo: indiferença. Este é a palavra chave para resumir a atitude de Reis-Pessoa, e também de Pessoa-Reis, perante a vida.
'Sê todo em cada coisa'. Ou seja, procura em cada coisa a tua inteira felicidade, porque a felicidade, se está nos objectos, não está na realidade. E é no campo estrito dos objectos, e não da vida, que o homem expressa a sua personalidade. Trata-se enfim de uma visão estóica, de um sofrimento e de uma resignação que encontra apenas um campo muito limitado de liberdade humana.
Mas toda esta atitude é, curiosamente, nobre. Nobre porque em Ricardo Reis o homem aceita o seu destino como um gladiador aceita a sua morte na arena. É nobre porque nessa aceitação há uma compreensão obliqua do que se aceita. Reis sabe que vai sofrer ao aceitar o sofrimento desta maneira - que não é a maneira ingénua de Caeiro - mas é ao aceitar esse sofrimento que se afasta dos outros homens tornando-se superior a eles pela sua atitude.
A poesia de Caeiro é uma poesia de segundos. Cada momento é toda uma vida, porque em cada momento se exprime uma liberdade renegada, um alcançar de um objecto, uma finalidade. Isto porque a realidade já não existe, porque há apenas renúncia e resignação.
Quando Ricardo Reis refere o brilho da lua no lago e nos diz que no lago toda a lua vive, mesmo só no reflexo, dá-nos um símbolo para a compreensão completa do seu pensamento, tal como foi explanado anteriormente.
É na 'altura' que a lua vive e não na proximidade. O reflexo dá-nos uma noção do afastamento da realidade que a lua tem com a água onde se reflecte. Quem a vê no reflexo, vê-a por inteiro, mas não conhece a sua essência. No entanto ali está toda a lua. Tal como o homem, ao se dar, pode dar o seu reflexo à realidade, à sociedade, sem que ninguém o conheça no seu intimo. Apenas o seu reflexo.
Esta atitude, este 'viver pelo reflexo', 'na altura', é uma atitude nobre e estóica de Ricardo Reis. Uma atitude de afastamento e nobreza, que caracteriza toda a sua poesia".
@http://www.umfernandopessoa.com
quinta-feira, janeiro 06, 2011
Estranho a minha própria alma
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu."
Fernando Pessoa