"Life has a funny way of sneaking up on you
When you think everything's okay and everything's going right.
And life has a funny way of helping you out
when You think everything's gone wrong and everything blows up
In your face"
"Há amores assim Que nunca têm início Muito menos têm fim Na esquina de uma rua Ou num banco de jardim Quando menos esperamos Há amores assim
Não demores tanto assim Enquanto espero o céu azul Cai a chuva sobre mim Não me importo com mais nada Se és direito ou o avesso Se tu fores o meu final Eu serei o teu começo
Não vou ganhar Nem perder Nem me lamentar Estou pronta a saltar De cabeça contra o mar
Não vou medir Nem julgar Eu quero arriscar Tenho encontro marcado Sem tempo nem lugar
Je t’aime je t'adore
Um amor nunca se escolhe Mas sei que vais reparar em mim Yo te quiero tanto E converso com o meu santo Eu rezo e até peço em latim
Quando te encontrar sei que tudo se iluminará Reconhecerei em ti meu amor, a minha eternidade É que na verdade a saudade já me invade Mesmo antes de te alcançar É a sede que me mata Ao sentir o rio abraçar o mar
Sem lágrima caída Sou dona da minha vida Sem nada mais nada De bem com a vida"
[Donna Maria - Há amores assim]
De facto a música é uma arte capaz de tudo no que toca a emoções. Pode fazer-nos rir, chorar, recordar, criar saudade, nostalgia, felicidade, até mesmo raiva, ansiedade, frustração ou angústia... Consegue marcar uma vida, um momento, uma pessoa...um amigo, um amor, um desconhecido...
A música é poesia cantada; são palavras soltas pela voz que o poeta prende na escrita. São os sentimentos libertos pelo som que o poeta acorrenta nos livros.
Ando particularmente voltada para novas descobertas a este nível porque, realmente, há cada vez mais músicas que me tocam.
Já com saudades da pequena viagem que terminou ontem, aqui fica uma outra música a ela associada.
"Florença não é um lugar para quem aprecia construções de aço e alumínio. É a cidade dos apaixonados, dos artistas e dos sonhadores. Das pessoas que vêem a vida com olhos de poeta, ouvidos de músico e coração de quem ama. Florença é uma cidade eterna, um momento iluminado de genialidade artística que pode ser sentido e apreciado caminhando por entre as suas ruas, praças e casas. Chega a ser muito mais do que isso. É um exemplo vivo do que a espécie humana é capaz de fazer quando se dedica a ideais elevados. "
Com pequenas alterações da minha parte, retirei este texto sobre Florença de um site porque penso que descreve, resumidamente, e na perfeição, aquilo que se pode dizer desta cidade italiana onde passei os últimos 3 dias. A juntar a toda a sua beleza, a companhia de bons amigos, as gargalhadas, as peripécias, os carinhos trocados, as palavras partilhadas - boas e menos boas -, os momentos bem passados, registados e para mais tarde, com certeza, recordar.
É sempre bom viajar. Respirar outros ares, conhecer outras culturas, outras formas de estar, de viver. O sair da rotina que nos assola o dia-a-dia. Para mim, um verdadeiro tranquilizante. Agora, de regresso à vida real. Mas com a certeza ainda mais convicta de que alguma coisa, dentro ou fora de mim, precisa de mudar. Para que eu possa finalmente expulsar de mim o que me aperta os pulmões e me prende as garras.
Para terminar, uma das músicas que ficou desta ida curta mas magnífica a Pisa e a Florença. Lov U All*
"Ainda estou a descortinar os meandros do amor, mas de uma coisa estou certa, é mesmo verdade que "Os Homens são de Marte e as Mulheres são de Vénus", queiramos ou não somos diferentes e se, para mim, um homem não sabe o que quer porque um dia gosta muito e no outro já nem me liga, acho que isso acontece por termos visões bem diferentes no que toca ao relacionar-se e apaixonar-se... Enquanto que a maior parte de nós é romântica/sonhadora e quando conhece alguém interessante já começa a imaginar o casamento e os nomes dos filhos (exagero!), os homens são bem mais práticos, vivem (intensamente) um dia de cada vez e sem as expectativas que nós criamos. Mulheres e homens sentem e pensam de maneira diferente e não há volta a dar... Constato isso principalmente no começo de uma relação. Acho que a melhor parte é todo o desafio que a conquista envolve... o jogo de sedução, a troca de olhares cúmplices e as conversas com duplos sentidos que depois se tornam deliciosamente marotas. Ainda assim (e aí começam as diferenças), apesar de vivermos numa época em que as mulheres já se emanciparam, encontro homens que gostam de sentir que controlam a situação. Podem até simpatizar IMENSO connosco, mas se se apercebem de um grande entusiasmo da nossa parte, perdem rapidamente o interesse. A minha primeira reacção é a de que "são parvos e não sabem o que querem", mas também percebo que muitos homens gostem do desafio de nos rondar e envolver qual aranha na teia para depois nos porem "K.O."... O problema é que se nos mostramos logo demasiado disponíveis, eles perdem esta adrenalina do desafio e de quem ganha no jogo do gato e do rato e... tchau aí! Eu, que sou de Vénus, fico baralhada com estas duas realidades (planetas) tão diferentes em que coexistimos, mas vou continuar a tentar perceber a mente masculina, muito complicadinha por sinal..."
Tudo fora do tempo certo. Tudo, tudo, tudo! Ou então sou uma espécie de troféu para quem faz da vida apenas um jogo do qual tem que sair vencedor [e se assim for temos pena, já alguém ganhou o prémio e nem sequer o reclama].
Qual Vénus e qual Marte, vou emigrar mas é para a Lua antes que enlouqueça de vez com tudo e todos!...
Ontem, numa conversa cibernaútica com um querido e especial amigo, diz-me ele: - "Hoje comprei fortune cookies" - "O que é?" - "São aquelas bolachas que os americanos comem muito em restaurantes chineses, em que saem aqueles papeizinhos com frases" - "Já sei! Que giro! Come uma por mim e diz-me o que sai..." - "Changes are coming" - "A sério?" - "Yep" - "Isso é bom!" - "Só pode ser" - "Espero mesmo que sim" - "Só tens que acreditar"
Entretanto agradeço os elogios permanentes de muita gente. O "ser bonita, inteligente, alegre, divertida, meiga, exemplar", etc, etc. Obrigada. Mesmo. Mas por favor não me digam mais para esquecer seja o que for e seguir em frente, e todos e quaisquer derivados deste conselho. Eu sei disso, já cheguei a essa conclusão por mim própria e estou apenas em fase de mentalização.
Bem sei que não o fazem por mal, muito pelo contrário, só não preciso de ouvir isso dia sim dia sim... Quanto mais o dizem mais eu me lembro do que poderia ter sido perfeito e não foi. Sem razão viável.
"Não queria desistir. Não sou de desistir. Muito menos dos meus sentimentos. Mas acho que o nosso amor se desencontrou no tempo (...)" Ou se calhar nunca se tenha desencontrado porque "o menino do portão, sem pressa nem tempo", que o sorriso mantinha pela recordação de quem eu sou...o colo estranho que encaixava (e acolhia)...a falta da minha companhia...nunca tenha existido.
Eu soube parar...
Eu soube escutar...
Eu soube abraçar os gestos...
Mas não soube ler o olhar nem perceber o sentimento...e quem realmente és. Naquilo que construí, és e serias um sonho. Pelo menos meu.
Hoje pouca gente duvida que corpo e alma estão intimamente ligados. Mas será que os estados de alma podem ajudar a curar doenças...ou podem mesmo provocá-las?
As doenças psicossomáticas são velhas conhecidas nossas. Mas alguns ainda guardam a idéia errónea de que são pura simulação ou casos de hipocondria. No entanto, todos os dias surgem mais e mais evidências de que corpo e alma estão tão estreitamente ligados que aquilo que afecta um, acaba por afectar também o outro. Popularmente diz-se que a doença psicossomática ou a doença psicológica é aquela que não apresenta um sintoma orgânico real, ou seja, quando alguém acha que tem uma doença que não existe. Esta definição, embora comum, é errada. Doenças psicossomáticas são manifestações orgânicas que podem ser causadas ou cujos sintomas podem ser agravados por aspectos psíquicos (mentais/emocionais).
Existem, é claro, os casos de SIMULAÇÃO (quando a pessoa finge ter algo) ou de HIPOCONDRIA (fixação na idéia de doenças e preocupação excessiva com a saúde). O correcto, no entanto, é utilizar o termo psicossomático apenas para designar doenças que apresentam sintomas reais no corpo físico, mas cuja origem está no psíquico.
Assim, se desconsiderarmos estes dois casos, podemos dizer que existem basicamente dois tipos de doenças psicossomáticas:
As doenças por conversão psíquica, quando existe um sintoma mas nenhum tipo de alteração orgânica é detectada em exames. Por exemplo: uma pessoa não consegue andar, mas não tem nenhum tipo de lesão neurológica ou muscular que justifique a paralisia.
E a somatização propriamente dita, quando a energia psíquica foi descarregada no corpo levando à formação de uma ou mais lesões diagnosticáveis, visíveis em exames. Existem indícios de que a somatização funciona como uma válvula de escape para emoções e sentimentos com os quais o sujeito não consegue lidar.
A mente sozinha pode provocar doenças? Todas as doenças são causadas por um conjunto de factores. A mente é um deles, sendo a sua participação variável. Não se conhece o complexo mecanismo de interacção entre mente e corpo, até porque o próprio conceito de MENTE é bastante controverso. No entanto, sabe-se hoje que certas condições orgânicas correspondem a determinados estados emocionais, pois estes interferem na produção de uma série de substâncias que actuam na regulação fisiológica.
A doença psicossomática é então percebida quando os problemas psicológicos, especialmente provocados por distúrbios emocionais (nervosismo, ansiedade, depressão), se tornam físicos. A explicação mais simples será a de que a mente, nestes casos, não consegue resolver o(s) problema(s) através dos mecanismos de defesa, transferindo-os dessa forma para o próprio corpo, que os exclui em estado de doença ou sintomas, estando os mais frequentes relacionados com o aparelho digestivo, o respiratório, os sistemas vascular, locomotor, endócrino e cutâneo...
Dia 10 de Julho - PLACEBO [Optimus Alive] Dia 19 de Julho - THE KILLERS [Super Bock Super Rock]
Para completar em grande só faltava mesmo virem cá os Coldplay...[pode ser que ainda tenha alguma surpresa, ou que o destino me leve a Barcelona dia 4 de Setembro]. Pena ser tudo em Lisboa, para não variar. Quem vem comigo?
Tomara Que você volte depressa Que você não se despeça Nunca mais do meu carinho E chore, se arrependa E pense muito Que é melhor se sofrer junto Que viver feliz sozinho
Tomara Que a tristeza te convença Que a saudade não compensa E que a ausência não dá paz E o verdadeiro amor de quem se ama Tece a mesma antiga trama Que não se desfaz
E a coisa mais divina Que há no mundo É viver cada segundo Como nunca mais...
A vida é feita de momentos e, embora eu acredite no destino, acredito ainda mais que somos nós que o vamos fazendo.
Mesmo quando, inevitavelmente, somos obrigados a viver os momentos menos bons, há que mover esforços para nos lembrarmos daqueles realmente bons que já vivemos e irmos novamente de encontro a eles...não só para os tornarmos a viver mas, sobretudo, para desta vez os vivermos com ainda mais intensidade!
"Pode ser que um dia deixemos de nos falar... Mas, enquanto houver amizade, Faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe... Mas, se a amizade permanecer, Um de outro se há-de lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos... Mas, se formos amigos de verdade, A amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia não mais existamos... Mas, se ainda sobrar amizade, Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe... Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
Há duas formas para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."
A fugir um pouco à minha escrita "standard", hoje fica uma homenagem às minhas dores abdominais de ontem. E ao jantar um bocado mal digerido e pouco saboreado pelo meu ataque incontrolável de gargalhadas (não só por isto mas também).
Muito em voga mas sem piada nenhuma. E exactamente por não ter piada nenhuma é que uma pessoa "brota" lágrimas dos olhos de tanto rir (vá lá alguém entender...). A juntar a isto um ambiente de boa disposição com meia dúzia de amigos "marmelos" na mesma sintonia, é o descalabro. E juro que não houve álcool nem espécie alguma de droga. (Cada vez que vejo estes sketchs ainda me rio mais e mais... Pior! Já só de pensar os meus lábios tremem!! "CÁÁÁÁUTELA!" looool - amigos, mais um bocado e a "Patty Latina" tá de volta!)
Ficam alguns exemplos curtos. Curiosos? Vejam mais em dábliu, dábliu, dábliu.youtube.com [:P]
Adia tudo. Nunca se deve fazer hoje o que se pode deixar para amanhã. Nem mesmo é necessário que se faça qualquer coisa, amanhã ou hoje.
Nunca penses no que vais fazer. Não o faças.
Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela. Na verdade, e no erro, na dor e no bem-estar, sê o teu próprio ser. Só poderás fazer isso sonhando, porque a tua vida real, a tua vida humana é aquela que não é tua, mas dos outros. Assim, substituirás o sonho à vida e cuidarás apenas em que sonhes com perfeição. Em todos os teus actos da vida real, desde o de nascer até ao de morrer, tu não ages: és agido; tu não vives: és vivido apenas.
"Dá importância ao que realmente merece." Disse-me alguém, há uns meses atrás.
"Acredito no teu potencial!" Dizem-me as pessoas, que realmente gostam de mim e realmente me conhecem.
[Um dia destes escrevi neste blog que chorava agarrada à barriga porque não tinha razões para chorar agarrada à almofada. Ainda não me doem os abdominais mas a almofada também já não está molhada]
E como o sol é mágico e consegue dar uma energia fantástica à minha alma e ao meu corpo, aqui fica uma música que me traz boas recordações...! Mas são minhas e assim as vou conservar :)
...e porque venceu! A família é dos sorrisos mais bonitos que se pode ter. Se não o maior deles todos. Parabéns à minha malandra, para o ano há mais!
"Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou!
(...)
Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?). Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora."
Alberto Caeiro - Há metafísica bastante em não pensar em nada
Há fases assim. Meias parvas. Meias inúteis. Minto... Totalmente inúteis e absurdas. Suponho que este tempo também tenha grande influência no aparecimento e prolongamento destas ditas "fases menos boas", em que se acorda de manhã e se deita à noite com a sensação que não se fez nem aconteceu nada de produtivo para a nossa vida. Odeio sentir-me assim. Odeio-me assim. Odeio os dias assim. Odeio o tempo assim.
Ando sem paciência para escrever. Quer dizer, nem é bem falta de paciência. Apetecer apetecer, apetece-me sempre. Simplesmente acho que nada me sai de forma coerente. Parece que nada do que escrevo sai com sentido. Escrevo apago, escrevo apago, escrevo apago... Nunca está bem ou nunca expressa exactamente aquilo que quero expressar em palavras. Que azelha. Fico mesmo burrinha nestas alturas. Mas só nestas alturas, porque loira posso ser. Loira burra é que nunca.
Não entendo nada disto. Quer dizer, entender até entendo. A causa desta incapacidade está na actual incoerência do meu raciocínio. Claro que a consequência só poderia ser uma escrita incoerente. Isto enerva-me solenemente. Nem imaginam quanto. Aliás, eu própria me enervo solenemente. Ou tenho-me enervado solenemente comigo mesma. É... há fases assim, em que me odeio. Ou não. Não sei. Esta chuva, este frio, esta escuridão andam a dar cabo de mim. E não só. Anda tudo a dar cabo de mim. Principalmente eu a mim própria.
E nestas fases idiotas tudo me parece idiota. Principalmente eu. Sim, sinto-me mesmo uma verdadeira idiota. Acho que podia morrer agora que ninguém ia reparar. Ou se reparassem, sentiam a perda hoje e amanhã já nem se lembravam que eu tinha existido. Acho que a única pessoa que se lembraria de mim todos os dias e sentiria a minha falta era mesmo o meu pai... Nunca mais me esqueço da cara dele quando tive a piritunite e entrei no bloco operatório. Mais do que lágrimas, os olhos dele eram aflição e desespero. Só ele para me fazer sentir imprescindível neste mundo hipócrita.
Mas como eu estava a escrever, por muito que faça, por muito que dê, por muito que pense nos outros em vez de pensar em mim, sou uma imbecil porque isso de nada me vale. Vale só às vezes. Quando vejo o sorriso que consigo provocar. Só que não consigo controlar. É mais forte do que eu. Não o faço porque é bem fazê-lo, faço-o porque sou assim mesmo. Palerma. Hei de me afundar e não ver nenhuma mão estendida para me salvar. A não ser a minha própria mão.
Que se lixe! Que tudo se lixe! Hoje choro, amanhã sorrio e depois de amanhã choro outra vez se for preciso. A culpa é do nevoeiro que não me está a deixar ver o caminho com a nitidez necessária. Ou então é das minhas lentes. Preciso de comprar mais que as minhas já acabaram e estou mesmo a precisar de as trocar. Já passaram do prazo.
"Temo-nos comportado quase como um bando de cegos. Num mundo tão bonito, vivemos em pequenos compartimentos da nossa própria miséria. Ela é familiar; assim, mesmo que alguém queira arrancá-lo dali, vai ter tendência em resistir. Porque não quer ser afastado da sua miséria, do seu sofrimento. Em contrapartida, há tanta alegria a toda à volta... tem apenas de perceber isso e tornar-se um participante e não um espectador".
A vida não é fodida, nós é que estamos sempre a fodê-la.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
"Quem nos deu olhos para ver os astros Sem nos dar braços para os alcançar?!..."
"Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas... Quem quiser levar a rosa, terá de saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incómodo dos espinhos... ou não."
[Será que me enganei assim tanto? Só há duas opções: acreditar no que diz o coração ou ouvir a razão. Alguém tem um GPS especial?]
Depois de, há uns tempos atrás, descobrir e ler esta fantástica crónica de António Lobo Antunes [basta clicarem na imagem e lerem com MUITA atenção], vem a descoberta desta - também - boa crónica a algumas afirmações deste autor. Na verdade, as mulheres têm os "fios desligados". Quando querem. Ou pelo menos sempre que o racional resolve tirar umas férias sem pedir autorização. Basta um dia acordarmos, abrirmos os olhos, esfregá-los bem [acto que devia ser feito sempre e várias vezes ao dia], olharmos ao espelho e dizermos para nós mesmas "BASTA". O dia em que a cabeça supera o coração - em que o racional resolve aparecer do Tahiti, da ilhas Fiji ou o caraças - , tarde ou cedo, chega sempre. Não podemos ser, para quem amamos, um segundo plano eternamente [que me desculpem os mais suscptíveis mas PUTA QUE PARIU ESTA MERDA CARALHO! - às vezes sabe bem termos estas tais atitudes "à homem"].
Toda a gente adora complicar. É o vai que não vai. É o hoje sei, amanhã não sei. É o vai-se andando e vai-se vendo. É o acho que sim mas não tenho a certeza. É todo um conjunto de tretas associadas e daqui derivadas. Vá-se lá entender o porquê... Ou é ou não é. O resto é sempre areia para os olhos de quem está "cego" por não querer ver aquilo que sabe que um dia terá de ver. As mulheres precisam de pára-brisas, é o que é.
"Tanta educação para a igualdade e afinal as mulheres em curto-circuito, a estereofonia com que pareciam equipadas desde a nascença parece ter estoirado, já não associam, já não têm tempo para associar, o que as torna mais disponíveis para acreditar: se ele me diz que mereço melhor do que ele é porque está apaixonado por mim, mesmo que depois não me ligue, coitado, não tem tempo, é homem, concentra-se no trabalho, esquece mas não é por mal. Nenhuma mulher de hoje cai na esparrela de dizer que quer ser feliz, isso assusta, é muita responsabilidade, os homens desatam a fugir, quanto mais intelectuais pior, e dizem que é por causa da literatura, que na literatura séria ninguém que se preze acaba feliz, o que não é verdade, mas ajuda muito. Manda a Cartilha da Liberdade que digamos sempre e só a Verdade, por mais fragmentária, dolorosa e paradoxal que seja, como a verdade humana tende a ser. Mesmo que essa verdade seja um tiro na cara de quem a recebe: a Grande Ética não se comove com os pequenos cacos de um coração. E as mulheres, porque têm fios desligados, vão apanhando do chão os vidros partidos tingidos do seu próprio sangue, fazem deles anéis, chamam-lhes rubis, mostram às amigas: «Olha o que ele me deu, parece mesmo verdadeiro, não é?» Escreve António Lobo Antunes: «Perguntei à minha amiga - E depois de ele se ir embora? — Depois chorei um bocado e passou-me». Sim, passa-nos sempre, António. Passa-nos tanto que eu, que já não me comovo por tudo e por nada... ...comovi-me. A frase traz dentro a vida toda, um bocado do dia de todas as mulheres, o rubi falso em «boomerang» que é a nossa alegria... as infinitas tonalidades da solidão afectiva das mulheres de hoje, as mantas de retalhos de cores variadas que elas vão fazendo com as sobras dos sentimentos impossíveis... As mulheres habituaram-se a entrever o todo na parte — até para esquecer que, muitas vezes, não há senão a parte. Depois choramos um bocado e passa-nos. Passa, uma merda. Mas sorrimos, sim, como uma árvore, no meio da noite."
Em 27 anos, as palavras mais bonitas que me dedicaram até hoje foram do meu Pai. Não sou uma “menina do papá”, mas de facto ele é o meu maior orgulho. O meu maior pilar. O meu maior amor. Mesmo estando longe está sempre tão perto. Mesmo estando ausente está sempre tão presente. [“do teu Pai que te ama muito”, “da tua filha que te venera e idolatra”, assim nos vamos tratando]
Muito do que sou a ele o devo [especialmente o meu lado “balelas” e lamechas :)]. Entre sorrisos, lágrimas…o meu Pai traduz-se no verdadeiro Homem da minha vida. Na única pessoa do mundo que nunca me desiludiu. E, muitas vezes, é pensando nele que ganho forças para ultrapassar as maiores adversidades da vida. Porque ele próprio é também o maior exemplo de força. Obrigada papi [quase todo o mundo diz isto…mas tu és realmente o melhor Pai do mundo].
“Fazes-me muita falta filha. Não te preocupes, eu estou bem e sei que tu também estás. Só não tinhas nada que crescer tão depressa (…)”
“Tenho saudades tuas filha. Desculpa ainda não ter aprendido com a realidade mas sinto-me muito sozinho. Mesmo fechada no teu quarto o meu coração tinha conforto (…)”
“Há 25 anos quando te tive pela primeira vez nos braços pensei, na inocência dos meus 21 anos, que tinha realizado o maior feito do mundo. Que tinha criado um ser quase que perfeito. Hoje, na tranquilidade dos meus 46 anos, continuo a achar o mesmo (…) do teu pai que te ama muito e continua a ter dificuldade em viver o dia a dia sem te ver, porque o resto sei que terei sempre.”
(resposta à minha afirmação de que a vida não é um mar de rosas) “Não é um mar de rosas mas não há nada melhor do que estar vivo. E tudo, mesmo quando não parece, tem algo para ter acontecido… Ainda hoje a minha mãe me disse (muito mal): Não faças como eu. Não esperes até aos 70 anos para chegares à conclusão que não viveste. Eu apenas disse: Não digas isso, nunca mais (…) se não tivesse casado com quem casei não tinha hoje as melhores filhas do mundo. Podia ter uma Patrícia mas não teria a MINHA Patrícia. Só isso jamais me fará arrepender de nada (…) Fica em paz filha, estou sempre por perto enquanto respirar.”
A isto só posso chamar de Amor. Amor puro. Amor genuíno. E por isso hei de acreditar sempre que ele realmente existe e é possível. Porque foi assim que aprendi a amar!
terça-feira, janeiro 27, 2009
“Vou levá-la a um dos meus restaurantes preferidos – diz enquanto estaciona o carro numa rua perpendicular ao mar, na Foz. - O tal Cafeína? Nunca lá fui. - Há sempre uma primeira vez para tudo – remata com ar absorto antes de desligar o motor. Bem, bem, ainda não nos sentamos à mesa e já começaram as bocas. Isto ainda vai dar molho. Não escondo o meu agrado pela escolha. O Cafeína é daqueles restaurantes que conquistam mesmo antes da primeira garfada. Sento-me com a sensação de que vou cá voltar muitas vezes. (…) Olho-o fixamente. Este homem tem qualquer coisa. Qualquer coisa de especial que me dá vontade de ficar a tarde toda a conversar com ele. E não é só charme nem simpatia. É outra coisa qualquer que não consigo definir. Uma mistura alquímica de doçura e inteligência. (…) Fala baixo, particularmente baixo, como se nem eu própria pudesse ouvir o que diz. Sinto o olhar dele a entrar-me pela cabeça adentro. E sinto-me invulgarmente permeável, indefesa perante a sua perspicácia e rapidez. Se não lhe achasse graça, consideraria este tipo de comentários despropositados e de mau gosto. Mas há qualquer coisa nele que me desarma, e o pior é que não me estou a importar nada com o facto de ele me desarmar. (…) Acabamos de almoçar tarde, depois de uma longa conversa em que ambos revelamos mais do que gostaríamos das nossas vidas. (…) É isso. É isso mesmo. É a calma, nele, que me seduz. O tom de voz baixo e pausado, o olhar tranquilo, os gestos ponderados, as palavras escolhidas, o sossego e o recolhimento. Este é o tipo de homem que passa horas fechado em casa a ler e a ouvir Keith Jarrett. Aposto que tem uma casa aconchegada, com uns sofás cheios de almofadas e dezenas de molduras com fotografias dos amigos na sala. Pertence ao strong silent type que o Woody Allen tanto inveja. E eu também. (…) Está surpreendido comigo tanto como eu com ele. Há sempre um Portugal desconhecido que espera por si. (…) Se possuísse um pingo de bom senso punha-me imediatamente a andar (…) Mas, como dizem os espanhóis, el sentido común es el menos común de los sentidos. E eu tenho esta atracção fatal pelo abismo, apetece-me sempre pisar o risco e desafiar a sorte. (…) Ninguém faz nada nesta merda de país, preferem todos aderir ao sistema em vez de dar uma volta à vida. - Se pensasse com um bocadinho mais de calma não ficava com tantas rugas nessa testa de boa aluna… Lá está ele outra vez a apanhar-me o fio à meada. A empregada de mesa aproxima-se. - São dois gelados de limão com vodka por favor, enquanto a senhora pensa se me vai ou não mandar à fava – diz ele à rapariga de cabelo escorrido e óculos graduados. – O que é que acha? Acha que eu mereço que ela me mande à fava ou não? Isto é extraordinário. Está a fazer charme à empregada do restaurante e ao mesmo tempo a gozar com a minha cara. A rapariga olha para ele com um ar enfiado e esboça um sorriso falhado em forma de esgar. - Deixe lá, o senhor gosta de dizer estes disparates. A rapariga afasta-se com passos curtos e hesitantes. - Como é que sabe? - Com tanto à vontade, deve fazer destas gracinhas todos os dias. - Olhe que não, olhe que não… – fixa-me com ar discretamente sedutor – se fosse a si, ficava hoje por cá…parece-me que nos vamos dar muito bem… o que é que acha? Cabrão. Estás-me a lançar a rede e está-me a apetecer cair. (…) A sobremesa aterra finalmente em cima da mesa. Ele tem razão. Gelado de limão com vodka é uma combinação de primeira água. Saboreio o manjar enquanto me observa deliciado. - Já vi que gosta das coisas que lhe recomendo… - Pois gosto. - E olhe que ainda não viu nada. Se a presunção pagasse imposto, este gajo levava com a tabela máxima. - O que vi já chega. - Mas o que eu vi ainda não. - O que é que quer dizer com isso? - Quero dizer que você é uma mulher excepcional em demasiadas coisas para eu não me interessar por si. É muitíssimo esperta, sabe o que quer, trabalha bem, é bonita, tem uma maneira de se arranjar que me agrada, é requintada, elegante, tem savoir faire, tem bom ar…olhe, acho-lhe imensa graça, o que é que quer que eu lhe diga? Quero que te cales, estúpido. Sabes muito bem que as mulheres resistem mal a elogios e estás-te a aproveitar disso. (…)
Estou a apaixonar-me minuto a minuto, segundo a segundo. Sinto-me dissolvida nele e em tudo o que o rodeia. Sei que este jogo é perigoso e arriscado, há muitos anos que não o jogo, mas agora não me interessa. Quero perder a cabeça e deixar-me ir nos braços deste homem. Do aplauso nasce o amor, escreveu Gabriel Garcia Marquez, eu admiro este homem. Admiro-o em tudo o que faz e que diz, pela forma como o faz e como o diz. Admiro a sua calma e ponderação, a sua forma sossegada de amar, o seu espírito crítico e observador, a sua cabeça pensante e a sua personalidade vincada sem um traço de dureza. Quero tê-lo perto de mim, nem que seja por um dia, nem que seja por um instante. Estou a apaixonar-me outra vez, mas já nada me preocupa. Perdi o medo, sou só vontade. Ele olha-me com os olhos cheios de curiosidade e prazer, como se quisesse registar na memória cada momento, cada gesto, cada movimento da minha boca. - Há momentos na vida em que me sinto tão próximo da perfeição que podia morrer daqui a uma hora e não me importava. Respondo-lhe: eu também… Quando olho para o relógio passa das cinco da manhã e espanto-me com a frescura que sinto, como se o corpo não fosse meu, como se apenas o meu espírito ali estivesse a pairar, suspenso no tecto a vaguear (…) Ele abraça-me outra vez, levanta-se e traz-me o pequeno-almoço à cama. O dia começa a clarear lá fora enquanto dançamos durante horas esquecidas, fundidos um no outro, como se tivéssemos crescido a dançar juntos. E nessa manhã, algumas horas mais tarde, quando acordo ao lado dele e o vejo erguer-se a abrir ligeiramente as cortinas, reparo que daqui a alguns anos vai ficar careca e que não me vou importar.”
In "Não há coincidências" de Margarida Rebelo Pinto
segunda-feira, janeiro 26, 2009
"Vamos para onde? - Longe. E onde é que isso fica? - Perto."
Na sua solidão, cada um deles pode, pura e simplesmente, perder-se... ou, talvez, encontrar o outro.
Lugares: poucos. Músicas: algumas. Momentos: vários. Lembranças: todas. Sentimentos: grandes. Mágoas: impensáveis. Saudades: imensas. Desejos: muitos. Dúvidas: apenas uma...desistir mesmo sendo apologista de que nunca se desiste?
"Sei de cor cada lugar teu atado em mim, a cada lugar meu tento entender o rumo que a vida nos faz tomar tento esquecer a mágoa guardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim protege o que eu te dou Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou sem ter defesas que me façam falhar nesse lugar mais dentro onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim que hoje o tempo dói como se arrancassem tudo o que já foi e até o que virá e até o que eu sonhei diz-me que vais guardar e abraçar tudo o que eu te dei
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos e o mundo nos leve pra longe de nós e que um dia o tempo pareça perdido e tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou guardar cada lugar teu ancorado em cada lugar meu e hoje apenas isso me faz acreditar que eu vou chegar contigo onde só chega quem não tem medo de naufragar"
...era ouvir esta música ao vivo. Saltar enlouquecida e cantá-la o mais alto que a minha voz permitisse. Sentir a energia da multidão ao rubro e absorvê-la a 100%! Uiiii...ia ser uma terapia fantástica!!! The Killers no seu melhor com "Human". Como ouvi no outro dia um jovem a dizer, com o belo do sotaque à Porto: "GANDA MALHA!" [já que não pode ser ao vivo, no meio do povo...salto e canto - ou tento - em casa] So...Let's Rock!
O que pode demorar dias, meses, anos a ser construído pode demorar um segundo a ser destruído… Penso que na vida não deveriam existir determinadas palavras ou expressões. Como é o caso do “talvez”, do “mas”, do “vou pensar”, do “se calhar”, do “não sei”, do “fica para depois”, quando esse depois ou o amanhã podem nem sequer existir. Chamem isto de exagero, extremismo ou pessimismo, eu cá chamo realidade. Não somos imortais e o nosso destino só a Deus pertence, como dizem os mais religiosos.
Quase todos os dias a minha mãe chega a casa e conta-me histórias que não lembram a ninguém. É o marido da amiga que teve um AVC, é a mãe de uma colega de trabalho que teve um acidente, é o pai de não sei quem que morreu de um dia para o outro, é a amiga que descobriu um cancro. E nessas alturas eu penso no quanto somos pequeninos e o quanto perdemos por sermos tão picuinhas com pormenores que, no fundo, não interessam para nada. Perdemos demasiado tempo a pensar, quando esse mesmo tempo deveria ser gasto a viver como se não houvesse o tal amanhã.
Lembro-me como se fosse hoje daqueles dias terríveis de Agosto e Setembro, quando de repente a minha avó, que respirava saúde, foi atirada para uma cama do hospital. Se por um lado a minha vida tinha dado uma volta de 180º, por outro tinha acabado de chegar de umas férias fantásticas, preparada para seguir em frente com um sorriso rasgado. Aquela notícia caiu que nem uma bomba na minha cabeça. Parecia que o meu mundo se estava a desmoronar por completo, já não sabia que mais me poderia acontecer naquele instante. Toda a gente fora, a casa vazia, eu tinha de me conseguir manter erguida sozinha, sem o apoio de ninguém. Não sei bem como consegui, sei que nestas alturas me apercebo do tamanho da força interior que temos e que desconhecemos por completo.
Quando cheguei e corri para o hospital, ainda falei com ela. Tudo me parecia mais ou menos controlado. No dia a seguir estava em coma. Não me lembro de sentir tamanho sufoco, tamanha dor. Fiquei desorientada. Não me queriam deixar vê-la naquele estado e eu teimei… Quando vi a minha avó imóvel, mantida viva por uma máquina, cheia de tubos, quase desfaleci. Dei-lhe a mão, acariciei-lhe a face e disse-lhe entre soluços – acreditando piamente que me ouvia – “ai de si que me deixe, todos precisamos de si aqui”. Não consegui ficar muito tempo. Saí a correr, desnorteada, encostei-me a uma parede das escadas e deixei-me escorregar em pleno pranto. O meu avô e os meus tios esperavam-me na porta e eu não queria que me vissem naquele estado. Limpei as lágrimas e saí de óculos escuros para que ninguém visse os meus olhos inchados. Dei um abraço ao meu avô e disse-lhe “Não se preocupe que a avó não tarda nada está em casa. Daqui a um tempo, tudo isto não passará de um pesadelo. O que ela precisa agora é que o avô acredite nela. A força da atracção existe por isso pensamento positivo!” Não sei como consegui, mas dei ao meu avô a força e a energia que nem eu tinha para mim. A verdade é que ele me dizia todos os dias “Em casa estou sempre a repetir em voz alta: ela vai ficar bem, ela vai ficar bem!”. E eu ficava feliz por estar a conseguir dar ânimo a quem dele precisava, porque sei que se a minha avó partisse, o meu avô partiria junto. E isso seria uma tragédia na família.
Nesse dia saí do hospital em estado de choque. O carro ia para onde queria, eu já nem sequer o controlava. Sei que a dada altura o parei, saí e sentei-me em pleno passeio a olhar para o céu e a pensar “O que é que eu faço?”. Nunca tive um sentimento de impotência tão grande. Quando os meus pais me ligavam tinha de fingir que estava tudo bem, dentro dos possíveis. Quando estava em casa, sozinha, o telemóvel sempre que tocava eu estremecia, com medo do nome que ia aparecer no visor e do que poderia ouvir do outro lado. Nesta altura, todos os restantes problemas da vida me pareceram fúteis e banais. Nunca a palavra nunca esteve tão presente. Quando dizem que nestes momentos de aflição uma pessoa se agarra a tudo, é bem verdade. A igreja foi o meu maior refúgio. E o meu maior apoio.
Sem entrar em muitos mais pormenores, a verdade é que, da mesma maneira que de um dia para o outro a minha avó tinha ficado entre a vida e a morte, também de um dia para o outro recuperou. E no natal brindamos todos à presença dela entre nós com um sorriso e lágrimas nos olhos de felicidade. A hora dela não tinha chegado. Felizmente.
Quando recordo aquilo que passei com esta situação de quase perda, sinto que deveria dizer todos os dias às pessoas de quem gosto, o quanto gosto delas e o quanto são importantes para mim. Sinto que deveria viver mais intensamente, sem medos, sem vergonhas, arriscando tudo e dando tudo de mim como, quando e a quem me apetece. Sinto que devia dizer a toda a gente que tem um “talvez” na vida que tenha antes uma certeza. Que viva e aproveite todos os momentos sem receio, sem dúvidas, sem os entraves que todos teimamos em meter no nosso caminho!
A felicidade depende de nós. E isto que hoje aqui escrevo vou fazer por ler muitas vezes. Para que me lembre, sempre que me esquecer, que a vida são dois dias…
Os dias longos de verão. O sol a brilhar. A areia nos pés. O som do mar. O bronze dourado. O gelado ao final da tarde. As noites quentes. As caipiroskas fresquinhas e a sangria.
O pequeno-almoço. O almoço. O lanche. Os jantares. A ceia. Acompanhada por quem me é especial.
Ver o nascer e o pôr-do-sol.
Tomar um banho quente no Inverno. Tomar um banho fresco no Verão.
Ir de férias. Contigo. Com eles. Com elas. Com vocês. Do meu coração.
Ouvir música. Na rádio. Na aparelhagem de casa. No computador. Num concerto. Dançar. Saltar. Cantar. Gritar.
Rir-me às gargalhadas até que me doam os abdominais e escorram lágrimas dos olhos.
Jogar às escondidinhas. Ás caçadinhas. Á macaca. Ao elástico. Ao “natural water killers” e ao “lambe-cricas” na Zambujeira. Um jogo qualquer inventado porque me/nos apeteceu…
Um prato cheio de massa. Á carbonara. Á bolonhesa. Com frango. Com feijão e grão de bico. Ou simplesmente massa.
Quando não posso ou não me apetece ir. Mas me demonstram que faço falta.
Surpreender. Ser surpreendida. Os sorrisos provocados pelo inesperado.
Uma mensagem. Um telefonema. Uma carta. Um e-mail. Quando não se está à espera.
Um abraço apertado. Um beijo sentido. Um mimo carinhoso. Um gesto ternurento. Um olhar a brilhar. Passear de mãos dadas.
Conduzir numa estrada sem trânsito. Larga. Sem curvas. Na luz do dia. O pé a pesar no pedal do acelarador. A música aos berros.
Ir para a montanha no Inverno. Os skis nos pés. A paisagem branca. Ir para fora de pista. Cair sem me magoar. Ficar com o gorro, o cabelo e os óculos cheios de neve. Rir sem conseguir parar estendida no chão. Baixar-me e deixar-me ir a toda a velocidade, a sentir o vento gélido na face que o cachecol não consegue tapar… As tostas mistas ao final do dia. O chá a ferver à noite. A lareira acessa. O edredon fofinho. O filme no aconchego.
Vestir roupa nova. Sentir-me bem. Receber um elogio.
A minha pika. Os mimos. As brincadeiras. A companhia. Os passeios na praia.
(por Miguel Esteves Cardoso com alguns comentários meus)
"...Feliz é uma coisa que se é ou não é. Não se pode "estar" feliz. Pode-se estar bem disposto, pode estar-se alegre, pode estar-se satisfeito, mas feliz é a coisa que simplesmente não faz sentido estar. Ou se é ou não se é.
...Feliz é também uma coisa que ninguém se torna, que ninguém fica e que ninguém compra. Ou se é ou não se é. É como ser louro (apesar de eu achar que ser feliz é mais parecido com ser moreno). As pessoas felizes são aquelas que têm vergonha de falar nisso. Em Portugal, dizer "eu sou feliz" é como dizer "eu sou rico". É escandaloso.
...Para se ser feliz é preciso ser um bocado parvo. [concordo em pleno!! Estou sempre a dizer "sou tão parva!". Afinal ando sempre a dizer que sou feliz]
...As pessoas felizes só pensam nos outros. É como se não existissem. É por isso que conseguem ser felizes. É uma ilusão de óptica muito bem feita. Ninguém é mais feliz que o homem invisível.
...Para se ser feliz é preciso ser-se um pouco cegueta. [eu sou, eu sou!!] Entre as coisas que as pessoas miseráveis, normais, estão sempre a chamar às pessoas felizes, há: ingénua, lírica, naïf, boazinha. Aquela de que gosto mais é "Vives noutro mundo!". Haverá coisa melhor que viver noutro mundo, para quem conheça minimamente este? [Agora percebo porque todos dizem que sou ingénua e boazinha. Acabou-se a minha dúvida existencial! Também estou sempre a queixar-me que quero pôr os pés na terra e não consigo...afinal os outros é que estão mal!]
...Em Portugal, a felicidade é reprimida. A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os portugueses, quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles.
...Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são mais interessantes. Nós, os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes. [Com isto só posso ser a favor da extinção de Portugal!]
...E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de culpa.
...As pessoas felizes precisam de se afirmar, de deixar de fingir que também estão permanentemente na fossa. Devia haver emblemas grandes a dizer "EU SOU FELIZ E ESTOU-ME NAS TINTAS" ou "EU SOU FELIZ E NÃO TENHO CULPA".
...As pessoas felizes também choram, também sofrem, também se angustiam. Só que menos. Aliás, muito menos..."
"Fotografa-me agora com os teus olhos e pergunta-me outra vez para que eu possa dizer-te sim e repetir…"
"O que é este sentimento, que embala e me encanta, traz-me a magia, ser tua, ser meu, ser teu, ser minha, nesta imensa jornada?... Quem me diz do peito ardendo, o suor escorrendo, um calor percorrendo o meu corpo ansioso, quem me diz o que é… o que tenho? E o amor responde-me… é o sentimento mais belo, que tem até dia eterno, para ser celebrado, saudado, lembrado… é o sentimento mais nobre, efeito que envolve, anestesia e te enche de luz… e o amor dá-me as mãos, cativa-me, sussurra prazeres… conta-me dos seres que envolve… domina… e nesta magia, me entrego aos teus braços, sorrisos abertos, olhares brilhantes e nele me envolvo, me aqueço e num só desejo, me entrego…me dou!! ... Assim do amor aplico todo o excesso, sem a menor fracção desperdiçar, e sigo amando mais e recomeço, mostrando a arte de viver, de amar. Deixa em teu rosto minhas mãos carentes e sente como estão húmidas de amor e que, na brevidade do calor, dizem palavras mudas-eloquentes. São mãos querendo desesperadamente carícias, que um tempo sem candor levou e que, despidas de pudor, procuram por lembranças já dormentes. Se a lua faz-se bola de cristal, e vagalumes beiram o luar, elas se aquecem em teu brilho banal. Deixa teu rosto de pedra sonhar, que minhas mãos são jorros d’água e sal, que caem sobre ti com sons de mar… O nosso amor é sangue. É seiva. É sol. É Primavera. Amor intenso. Amor instante. O nosso amor é uma arma. E uma espera. O nosso amor é um cavalo alucinante. O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa. Rasgando o céu azul-coragem. Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo. O nosso amor. O nosso amor é como a flor do aloendro. Deixa-me soltar estas palavras amarradas…"
Eternis
quarta-feira, janeiro 14, 2009
No meio da multidão, numa luz ténue mas cintilante, instável, olho de relance para trás e vejo-te. Nesse momento tudo pára, como só nos filmes é possível. As pessoas ao meu redor deixam de existir, o movimento deixa de se sentir, o barulho deixa de se ouvir, o espaço deixa de ser de todos e passa a ser só nosso. Só nós e a música, que não é ruído.
Os nossos olhos fixam-se, encantados. Sorrimos um para outro e nesse segundo desvio o olhar para o chão, sem jeito. Olho novamente para ti e estendes-me a mão. O mundo à nossa volta continua a ser uma espécie de utopia. Naquele lugar, apenas eu e tu. Dou-te a minha mão, agarrando a tua com vigor. Puxas-me para ti e entrelaças-me nos teus braços. Caras encostadas, sinto o teu cheiro que se mistura com o meu. Passo a minha mão pelo teu cabelo, num gesto de ternura. Beijo-te o pescoço e perco-me…no tempo e no espaço…perco-me em ti.
A música ainda se ouve. Toda a gente a deve ouvir. Tu também a ouves. Senti-la também toda a gente a sente mas todos de uma forma diferente. Todos interpretam a melodia da música como querem. Todos sentem a música conforme o estado de espírito, conforme as memórias ou as lembranças à qual a associam. Começa a tocar uma música calma, que transmite tranquilidade e pede o aconchego. Os nossos corpos, ainda agarrados, deixam-se levar por ela e movem-se ao som das notas que se soltam. Sinto-me em paz e protegida. Se conseguisse, se tivesse esse poder, parava a vida naquele instante e assim ficava…para sempre. Sentindo-me assim, contigo preso a mim.
Olhamos novamente um para o outro e passas a tua mão pela minha face. Sorris. Eu fixo-te com o olhar. Ao mesmo tempo que me acaricias e sorris, ouço-te dizer-me “És tão bonita”. O meu olhar fixo torna-se a mover, timidamente, e solto um riso de felicidade por ouvir as tuas palavras que sinto sinceras. Olho para ti novamente, com carinho. Com os corpos ainda em “slow motion”, chego-me a ti, ao teu ouvido e, mesmo sem talento, canto-te baixinho: “não me deixes…no livro que eu não li, no filme que eu não vi, na foto onde eu não entrei…não me deixes na história que não terminou…” Com as tuas mãos à volta da minha cintura, apertas-me ainda mais contra ti, como quem abraça o tempo, como quem abraça a vida, e dizes-me em segredo “Onde estiveres, eu estou. Onde tu fores, eu vou. Se tu quiseres assim. Meu corpo é o teu mundo…és parte de mim. Para onde olhares, eu corro. Se me faltares, eu morro. Agarra-me esta noite…”.
E eu agarro-te. Deixo-me estar perdida em ti e no teu beijo. No nosso beijo. Para o resto dos meus dias.
terça-feira, janeiro 13, 2009
Há dias assim. Em que até as palavras perdem o sentido.
Ontem - numa das minhas "paragens de respiração" - recuei no tempo e dissequei os sonhos que tinha aos 18 anos. Nessa altura imaginava-me: - casada por volta dos 25 anos, com o amor da minha vida, feliz e em harmonia; - com um curso superior acabado; - com um emprego motivador a nível económico e psicológico; - com um apartamento modesto mas acolhedor [com um recheio pobre mas de qualidade!] e - com perspectivas elevadas de evolução na carreira e na vida.
Passados 10 anos, portanto estando eu agora entre os 27 e os 28 anos de idade: - não sou casada, nem sequer tenho alguém que seja o "amor da minha vida" [príncipes de cavalo preto há muitos...raro é encontrar os de cavalo branco!]; - acabei um curso superior com saídas profissionais mas cujas portas se encontram todas encerradas [entreabertas para quem seja detentor do "factor C"]; - tenho um trabalho - e não um emprego - motivador mas inseguro e mal remunerado; - continuo a viver com os meus pais porque ainda não consegui criar condições para ser independente; e - as minhas perspectivas são cautelosas e bem mais limitadas do que aquelas que eu esperava ter nesta fase da vida! Fazendo as contas, o saldo é bem negativo. Após esta viagem ao passado, sustenho outra vez a respiração, e pergunto-me quais são os meus sonhos do presente: ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. De repente dou conta de que tenho apenas um: voltar a acreditar que vale a pena sonhar! Será este meu sonho concretizável? [Definição de sonho no diccionário: conjunto de ideias e imagens mais ou menos confusas e disparatadas, que se apresentam ao espírito durante o sono; utopia; ficção; fantasia. No mínimo animador!]
Até descobrir se realmente os sonhos são devaneios da nossa mente - se algum dia o descobrir - vou vivendo...sim, é mesmo isso. Vou vivendo. No mesmo mundo de sempre, aquele mundo de contos de fadas, que eu não gosto mas do qual não me consigo libertar.
A papisa traz crescimento e melhorias à vida de caranguejo, embora tudo deva ser conduzido com muita calma, observação de todos os aspectos e circunstâncias, e procurando os momentos certos. 2009 é um ano de definições na vida sentimental de caranguejo. Nessa medida pode iniciar um novo ciclo de vida, em que apenas dará passos no momento em que considerar que está apto a envolver-se de forma mais séria; estará apaixonado mas ponderado. No plano material, Caranguejo deve manter-se atento e não dar passos em falso; o tempo deve ser um dos seus mais fortes aliados. Economicamente, a vida flui e estará mais equilibrada do que habitualmente; parece de facto já ter aprendido algumas lições da vida. Caranguejo tem um ano protegido na saúde.
Assim será o meu ano de 2009. Pelo menos tenho constatado, em todas as previsões do meu signo, que este será um ano de concretizações a todos os níveis. Eu sinto que sim. Talvez também porque assim o deseje. A ver vamos... O que é preciso é não dar passos maiores do que as pernas. E não deixar que nada nem ninguém me roube o optimismo e a força de querer continuar em frente!
"Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e, por vezes – em mais casos do que se possa imaginar – existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram – querem! – mas quando gostam – e podem gostar muito – há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açucares. Ou porque sim e não falamos mais nisto.
Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: 'Nem pensar, leve isso daqui que me irrita a pele'.
Ora, por vezes, o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos.. E muitas das vezes, sabendo deste nosso problema, escolhemos para nós aquilo que sabemos que, invariavelmente, iremos recusar. Daí existirem aquelas pessoas que insistem em afirmar que só se apaixonam pelas pessoas erradas. Mentira. Pensar dessa forma é que é errado, porque o certo é perceber que se nós escolhemos aquela pessoa foi porque já sabíamos que não íamos a lado nenhum e que – aqui entre nós – é até um alívio não dar em nada porque ia ser uma chatice e estava-se mesmo a ver que ia dar nisto. E deu. Do mesmo modo que no final de 10 anos de relacionamento, ou cinco, ou três, há o hábito generalizado de dizermos que aquela pessoa com quem nós nos casámos já não é a mesma pessoa, quando por mais que nos custe, é igualzinha. O que mudou – e o professor Júlio Machado Vaz que se cuide – foram as expectativas que nós criamos em relação a ela.
Impressionados? Pois bem, se me permitem, vou arregaçar as mangas. O que é difícil – dizem – é saber quando gostam de nós. E, quando afirmam isto, bebo logo dois dry martinis para a tosse. Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem ' ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho', nem ' ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada' nem ' ai que não vi a tua chamada não atendida'.
Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste. Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós."
Por Fernando Alvim (quem diria!...)
E já que um novo ano na minha vida, e na de toda a gente, deu agora início, pode ser que também se inicie em mim uma nova capacidade de amar. E de ser amada. Mas de verdade.
Há três remédios que ainda não foram inventados: o remédio para a estupidez, o remédio para a paciência e o remédio para cortar laços. Num mundo perfeito, as pessoas iam à farmácia e pediam uma caixa de comprimidos para o bom feitio, ou umas injecções para os neurónios. Quanto aos laços, não imagino outro objecto senão uma tesoura bem afiada para cumprir a missão.
Alguém devia inventar uma tesoura para cortar laços, sobretudo quando os laços já estão cheios de nós cegos e não há volta a dar. À falta de um objecto contundente que serviria para cortar o mal pela raiz, restam os procedimentos habituais: bater com a porta, deixar de telefonar, não atender chamadas, fazer exercícios de abstracção, em suma, fechar o coração.
FECHAR o coração é um exercício duríssimo para quem o tem. Não estou a falar dos já aqui citados donuts que alguns seres humanos escondem, nos quais as setas do Cupido se atravessam sem provocar a mais leve ferida, caindo no vazio do buraco negro de forma inconsequente. Estou a falar de pessoas com coração, que sabem dar e receber amor. Quem deixa um grande amor para trás carrega grilhetas tão ou mais pesadas do que aquele que fica sentado, pregado na pedra do porto, como canta Chico Buarque. Bater com a porta requer coragem, concentração e muita força de vontade.É preciso saber desistir e hoje em dia ninguém gosta de desistir de nada, muito menos do amor, até porque o amor é um bem escasso que facilmente se confunde com entusiasmo, atracção física, tesão, paixão ou entendimento. Mas afinal o que é o amor, senão uma soma nada matemática que engloba todas estas sensações, sentimentos e estados?
Há algum tempo que desisti de definir o amor e passei a concentrar-me em entender onde reside o amor. Isto porque acredito que o amor em si não existe, o que existe são provas de amor. Logo, essas provas podem estar à vista de todos. E é por esta ordem de ideias que as pessoas ficam noivas, trocando promessas e anéis, e depois se casam, trocando mais promessas e mais anéis. As celebrações amorosas servem para selar o amor. Por outro lado, as rupturas amorosas não seguem preceitos nem rituais; cada um faz o melhor que sabe e aguenta-se como pode, engolindo a mágoa do conformismo, ou remando contra a maré. Como escreveu Truman Capote – que por acaso jogava na equipa dos donuts – a morte de um sonho é tão triste e dolorosa como a própria morte, merece por isso o respeito e silêncio para com aqueles que a sofrem. Quando alguém desiste de um amor, está também a desistir de um sonho que já acalentou. E é muito difícil desistir. Abdicar de um amor dói, e essa dor dura, demora a partir. É como viver com uma pedra encostada à garganta.
Quem quer mesmo desistir tem de conseguir cortar o mal pela raiz, antes que os laços se tornem nós à volta do pescoço e do coração. É preciso pegar na tesoura e zás, cortar sem dó nem piedade, e sobretudo sem olhar para trás, sob o risco de reviver o mito daqueles que, ao partir de Sodoma e de Gomorra, se transformaram em estátuas de sal.
«É preciso acreditar como da primeira vez, é preciso confiar, é preciso pensar que a tal pessoa certa para nós existe mesmo e que todos podemos ter sorte na vida.»
«Não é fiel quem quer, é fiel quem pode»
«Dantes as pessoas encontravam-se, agora andam aos encontrões.»
«O sexo é como o universo: infinito, misterioso e eterno.»
«A monogamia não é uma escolha, é uma vocação.»
«O prazer é como uma caixa de bombons suíços, temos sempre vontade de lá voltar.»
«Acredito que a infidelidade é uma armadilha; primeiro abraça-nos e depois estrangula-nos.»
«Não há nada mais importante do que investir no nosso coração. E no coração daqueles que amamos, ainda que nem sempre o mereçam. Quem não investe no coração, pode ganhar muito na vida, mas não ganha o amor nem a generosidade alheia. Investir no coração é investir na continuidade e na continuação da nossa vida; é como ter filhos e investir neles, ficamos um passo mais perto da eternidade.»
« Será verdade que os homens amam o que desejam e as mulheres desejam o que amam?»
By Margarida Rebelo Pinto
As setas do cupido andam sempre por aí, a ser lançadas para várias direcções. Pena que a pontaria não esteja afinada e elas nunca ou poucas vezes acertem nos corações certos... O amor é mesmo assim: um conceito eternamente indefinido.
Ás vezes questiono-me do que seria a minha vida sem tudo aquilo e todos aqueles que me têm vindo a rodear nestes últimos tempos. Não sei se este sorriso que trago seria possível se não tivesse a minha vida preenchida com quem a preenche. Não sei se esta vontade de viver seria possível se não tivesse os meus dias preenchidos com aquilo que os preenche. Não sei se esta esperança que carrego existiria se o meu espaço e o meu tempo fossem apenas um vazio. Não sei se olhando para a frente, tentando alcançar um horizonte, visse um nada em vez deste tudo que mesmo sendo um nada, não parece ser o nada que é. No entanto, e apesar de ter consciência que não teria ultrapassado tantas decepções, mágoas e angústias sem o apoio do que me tem erguido, começo também a questionar o porquê de as pessoas quererem sempre complicar o que poderia ser - e é - tão simples. Porque eu acredito que a vida é simples! Se não fossem todos os obstáculos que o ser humano teima em pôr no caminho...dele próprio e dos outros. O amor é simples. A amizade é simples. O carinho é simples. Os laços são simples. O sorriso é simples. As lágrimas são simples. O olhar é simples. O ouvir é simples. O falar é simples. Dar a mão é simples. A harmonia é simples. O equilíbrio é simples. As palavras são simples...
"A vida é feita de coisas simples. A vida simples é feita de coisas. A vida, de coisas simples é feita. A vida de coisas feita, é simples. As coisas simples, fazem a vida. As coisas simples, são feitas de vida. As coisas, fazem a vida simples. As coisas, de vida simples são feitas. Simples são as coisas de vida feita. Simples é a vida que é feita de coisas. Simples são as coisas que fazem a vida. Simples são as coisas de que a vida é feita. Portanto, a vida é feita de coisas simples. E enquanto a vida for feita de coisas simples, a vida é simples. Nós é que a complicamos!"
Sabes o que te digo? Abre a mente. Abre o coração. Abre os braços. Agarra a simplicidade da vida! A minha, a tua, a de todos! Não há necessidade de complicar, o nosso destino é este...Esperas demais. Espero demais. Todos esperam demais! Se reparares és livre. Se reparares o teu tempo é certo. O meu tempo é certo. O tempo de todos é certo. A nossa vida é certa! Para quê complicar? Para quê?!? A vida é simples, feita de coisas simples. E por essas coisas serem simples é que a vida se torna assim: tão simples! Eu ainda acredito. Eu ainda quero viver a simplicidade da vida esquecida por muita gente. Vive comigo...gosta de mim...dá-me um beijo...dá-me um abraço...dá-me a mão...dá-me amizade...dá-me amor...faz-me companhia...acarinha-me...lembra-te de mim...simplesmente!
Jason Mraz - I'm Yours
Well you done done me and you bet I felt it I tried to be chill but you're so hot that I melted I fell right through the cracks, now I'm trying to get back
Before the cool done run out, I'll be giving it my bestest And nothing's going to stop me but divine intervention I reckon it's again my turn to win some or learn some
But I won't hesitate no more, no more It cannot wait, I'm yours
Well open up your mind and see like me Open up your plans and damn you're free Look into your heart and you'll find love love love love
Listen to the music of the moment people, dance and sing We're just one big family And it's our God-forsaken right to be loved loved loved loved loved
So I won't hesitate no more, no more It cannot wait, I'm sure There's no need to complicate, our time is short This is our fate, I'm yours
D-d-do do you, but do you, d-d-do But do you want to come on Scooch on over closer dear And I will nibble your ear
I've been spending way too long checking my tongue in the mirror And bending over backwards just to try to see it clearer But my breath fogged up the glass And so I drew a new face and I laughed
I guess what I be saying is there ain't no better reason To rid yourself of vanities and just go with the seasons It's what we aim to do, our name is our virtue
But I won't hesitate no more, no more It cannot wait, I'm yours
Come on and open up your mind and see like me (I won't hesitate) Open up your plans and damn you're free (No more, no more) Look into your heart and you'll find that the sky is yours (It cannot wait, I'm sure)
So please don't, there's no need (There's no need to complicate) There's no need to complicate (Our time is short) 'Cause our time is short (This is our fate) This is, this is, this is our fate I'm yours
Oh, I'm yours Oh, I'm yours Oh, whoa, baby you believe I'm yours You best believe, best believe I'm yours
Poderia dizer imenso mas nem me apetece dizer muito porque estou tão bem! Após tanto tempo - horas, meses, anos - consigo agora acordar todos os dias a sorrir, cantarolar todas as músicas que ouço, dançar ao som de qualquer ruído que faça o corpo mover, deitar-me sem ficar a pensar nisto ou naquilo, ter o telemóvel do meu lado e nada esperar...Não há nada nem ninguém que me consuma, não há nada nem ninguém que me atormente...e por isso e muito mais sinto-me simplesmente bem! Bem comigo própria, bem com o meu sorriso, bem com a minha boa disposição, bem com a minha vontade de viver, sem medo, sem opressões, sem repressálias, sem dúvidas, sem solidão, sem amarguras, sem raivas, sem ódios! Adoro os dias da semana, os dias dos fins de semana [mesmo aqueles que não chego sequer a ver], as noites curtas, as noites longas, ver o pôr do sol e às vezes o seu nascer...nem o frio me derruba esta leveza, esta força de prosseguir caminho sem sequer querer saber do amanhã. Sou feliz porque te tenho a ti, a ele e a ela, porque sou importante para vocês e porque vocês são importantes para mim. Sou feliz porque de nada me arrependo, porque sei o que sou, quem sou, o que dou, porque dou e a quem dou. Sou feliz porque sou livre e me apetece voar. Sou feliz porque nada me pesa, porque faço o bem para ter o bem sem no entanto esperar que ele me retribua. Sou feliz porque de tudo consigo tirar um sentido, um significado, uma aprendizagem. Sou feliz porque sou, brinco porque brinco, salto porque me apetece, sou criança porque a vida já é séria demasiadas vezes para ser sempre séria e rio-me a chorar agarrada à barriga porque não tenho razões para chorar agarrada à almofada! Antes tarde do que nunca...e eu só consigo dizer que me sinto bem! :)
Quando páro [sim, porque apesar da azafama com que tenho levado a vida também tenho os meus momentos de silêncio] olho para dentro de mim e pergunto-me o que sou, de onde venho e para onde vou. Respostas (ou tentativas de): O que sou - um ser humano. Mulher menina. Sentimentalista. Sonhadora. Sensível. Carente. Aparentemente forte. Mas frágil como o mundo. De onde venho - de um passado cheio de nada e vazio de tudo... Para onde vou - Caminho incerto. Nevoeiro. Em sentido contrário do que não quero. Rumo interior em constução.
O que amo? Os meus amigos. A minha família. Os meus cães. Os sorrisos. Os abraços. Os mimos. As palavras bonitas. Os momentos fora da realidade. Se tenho mais amor para dar? Imenso. Se preciso? Muito. Se quero? Sempre. Se procuro? Procurei. A quem dar? Há de aparecer. Serei feliz com quem me fizer feliz e farei feliz quem me quiser feliz. Não viverei mais em função desta procura... Por muito que sinta falta do valor. Da atenção. Dos beijos. Do filme de Domingo à tarde no sofá. Das sms's "parvas". Das discussões e amuos ridículos. Dos telefonemas de madrugada só para ouvir uma voz. Dos presentes surpresa. Dos jantares a dois. Dessas coisas todas de quem vive apaixonado. Até lá...
"Vou viver até quando eu não sei que me importa o que serei quero é viver
Amanhã, espero sempre um amanhã e acredito que será mais um prazer
e a vida é sempre uma curiosidade que me desperta com a idade interessa-me o que está para vir a vida em mim é sempre uma certeza que nasce da minha riqueza do meu prazer em descobrir
encontrar, renovar, vou fugir ou repetir
vou viver, até quando, eu não sei que me importa o que serei quero é viver amanhã, espero sempre um amanhã eacredito que será mais um prazer
a vida é sempre uma curiosidade que me desperta com idade interessa-me o que está para vir a vida, em mim é sempre uma certeza que nasce da minha riqueza do meu prazer em descobrir
encontrar, renovar vou fugir ou repetir
vou viver até quando eu não sei que me importa o que serei quero é viver, amanhã, espero sempre um amanhã e acredito que será mais um prazer"
Ele era um cavalheiro E dele transpirava elegância Ela era gata borralheira Tivera que limpar a sua infância
Ele velejava no verão E esquiava no inverno Ela trabalhava ao balcão De um qualquer estabelecimento moderno
Ele gostava de reluzir em si O estilo da capital Ela já não conseguia distinguir as cores Da bandeira nacional
Ele tinha em vista imensos títulos Uma futura ordem do infante Ela achava o levantar do chá com o dedo mindinho Algo deselegante
Mas ele um dia curvou-se a seus pés
E ela passou a ocupar o tempo A descobrir o que era a cultura E ele confinou-se aos seus aposentos E descobriu a costura
Ela quis vir a entender o universo E começou a ler Platão E ele resolveu perceber o que era a justiça Em frente à televisão
A ele de nada lhe valeu a carência Nem a casa no largo do rato Porque ela sabia que era cinderela E enganou-o com um sapato Ele queria ir à presidência Agora rendia-se à evidência Com mulheres que calçam o quarenta Ele vai revelar prudência
Hoje ele ainda beija os seus pés
(Os Pontos Negros)
E assim foi. The end of a short, short...empty story.
"Come up to meet ya, tell you I'm sorry You don't know how lovely you are I had to find you, tell you I need ya And tell you I set you apart Tell me your secrets, and ask me your questions Oh lets go back to the start Running in circles, coming in tails Heads on a science apart Nobody said it was easy It's such a shame for us to part Nobody said it was easy No one ever said it would be this hard Oh take me back to the start
I was just guessing at numbers and figures Pulling the puzzles apart Questions of science, science and progress Do not speak as loud as my heart And tell me you love me, come back and haunt me Oh and I rush to the start Running in circles, chasing tails Coming back as we are
Nobody said it was easy Oh it's such a shame for us to part Nobody said it was easy No one ever said it would be so hard I'm going back to the start"
Um destes dias, não há muitos, escreveram e dedicaram-me estas palavras: "Tenta: - parar essa velocidade que respiras, - escutar as palavras que te envolvem, - ler os olhos de quem te chama, - abraçar os gestos que te dedicam... ...e aí sim, talvez percebas quem realmente gosta de ti."
Eu não descreveria melhor, embora seja a minha própria pessoa que está em jogo. Isto só demonstra que nem sempre são as pessoas que nos são mais próximas que melhor nos entendem. Ás vezes é preciso aparecer alguém distante para nos colocar no caminho certo...ou aparentemente certo - porque esta é uma afirmação subjectiva e válida de ser sempre posta em causa. And "nobody said it was easy"...
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Fernando Pessoa