quinta-feira, novembro 22, 2007

Palpitações


Quando penso nas coisas boas que a vida poderosamente nos proporciona, lembro-me de um sentimento às vezes confundido com o amor e apelidado de paixão ou, mais vulgarmente conhecido como, o "estar-se apaixonado"!
O amor existe em diversas formas e em diversos tipos, e é uma relação afectiva que vai sendo construída ao longo do tempo, que vai sendo solidifcada e estabilizada. Enquanto que a paixão é...inexplicavelmente arrebatadora e (in)felizmente não eterna.
Quando se está apaixonado os olhos brilham. O coração bate mais depressa mas esse batimento exagerado não nos preocupa porque até nos parece saudável! Sorrimos e soltamos gargalhadas por tudo e por nada porque, quando nos sentimos assim, tudo tem graça, até mesmo as piadas...sem piada. As nossas bochechas ganham outra cor: um rosado às vezes avermelhado e que timidamente disfarçamos com a desculpa de que é "sinal de saúde"!
Cantarolamos nas alturas mais impróprias e inexplicáveis. Mesmo quando nada corre bem damos por nós a cantar quando, subitamente, entramos no carro e ouvimos aquela música pirosa...mas animada para a nossa mente. Todos os gestos, todos os lugares, todas as palavras, todos os pormenores estupidamente insignificantes passam a ter um significado...estúpido. O olhar penetra-nos como flechas, sentimos o cheiro do perfume numa aragem, fechamos os olhos e sentimo-lo como se estivesse ali...
Os defeitos são virtudes e as virtudes são a perfeição. O chão pode tremer, a chuva pode cair como um dilúvio, o vento pode soprar incomensuravelmente que, neste estado, o resto do mundo...espera aí...o resto do mundo? Mas o que é o mundo? Existe mundo para além deste círculo que me rodeia? É assim que pensamos nesses breves momentos. Sem nunca esquecer, e reforçando mais uma vez, o incontrolável sorriso parvo nos lábios como se nos tivessem enfeitiçado mesmo sabendo que a magia é uma ilusão.
Esta sensação, posso dizer em tom de exagero, um pouco alucinógenea não dura para sempre. Mas por isso mesmo é que quando este vírus nos ataca, nos sentimos tão bem e levamos o prazer ao seu extremo. De repente, tornamo-nos as adolescentes que fomos há uns valentes anos atrás, dispostas a fazer as maiores loucuras, com a pequena grande diferença de que já temos a consciência de que se tratam mesmo de loucuras. No entanto, providas com a mesma dose de irracionalidade de antes.
A frase popular está errada, não é o amor que é cego; a paixão sim, é cega, surda e muda.
Então e tu? Já sentiste?

Patrícia Pinto