terça-feira, abril 14, 2009

Nem só os príncipes se transformam em sapos

Não deixa de ser curioso - e até mesmo um pouco hilariante - como muitas pessoas só têm consciência dos seus defeitos nos momentos mais críticos. "Ah e tal porque eu sou isto e aquilo, só sei magoar quem gosto, e coiso e tal preciso de mudar, eu vou mudar!"

Depois a tempestade passa e de repente são assoladas por um súbito ataque de “Alzheimer”. Mais interessante do que terem este ataque, é que muitas destas pessoas vão requintando ainda mais os seus defeitos! Hum…muito bem! Não sei se chore, se ria ou se bate palmas a tamanho talento!

Ironia nas palavras? Talvez uma pitadinha dela. Não deixa de ser triste ver as pessoas evoluírem em sentido contrário e sentirem-se felizes com isso. Ainda por cima conseguem achar-se no direito de “apontar o dedo”, de julgar os outros como se fossem donas da razão absoluta. Gozam este e aquele, fazendo desse mesmo gozo o seu desporto diário. Ninguém – a não ser elas próprias e para elas próprias - está perfeito para ninguém ou está rodeado por pessoas que valham a pena. Sim, sim! Porque os amigos, conhecidos e namorados/companheiros/maridos/mulheres dos outros são sempre do pior que há…feios, chatos, mentirosos, parolos, burros… defeitos nunca faltam e às vezes até chegam a sobrar!

Se alguém está triste, infeliz, insatisfeito, é porque quer, “olha que esta? Que ande para a frente, tem que se esforçar!” Pois é meus caros, para estas pessoas não existem diferenças nos mecanismos de defesa de cada um, toda a gente é igual, toda a gente tem as mesmas experiências de vida, as mesmas capacidades, as mesmas forças e vontades!... Nem sei porque é que existem Psicólogos e Psiquiatras no mundo, ou como é que os hospitais psiquiátricos estão cheios e a depressão é uma das doenças do século XXI. Clichés da sociedade, só pode ser isso! Mas quando são estas pessoas a estar mal…"ai Jesus, que eu vou morrer”! Pois é… pois é…é o tal do Alzheimer…

Esquecem-se das traições que cometem. Esquecem-se das mentiras que utilizam para se safarem de situações menos convenientes. Esquecem-se de quem esteve lá quando foi preciso estar. De quem fez a tal companhia que necessitavam. De quem deu o ombro, o ouvido, o corpo inteiro se fosse preciso. Esquecem-se dos erros que repetem quando supostamente os queriam corrigir. Esquecem-se das palavras que pronunciam injustamente e tornam a pronunciar mesmo depois de terem reconhecido a injustiça. Esquecem-se dos actos de boa fé dos amigos. Dos familiares. Do namorado. De seja quem for. Mesmo quando não eram merecidos... Esquecem-se de que a perfeição não existe e que muito menos elas são perfeitas. Esquecem-se de que errar é humano e de que na vida - e não é por uma questão católica que o digo - “Deus escreve direito por linhas tortas”.

Não estou a desejar o mal de ninguém. Nunca o fiz, não o faço nem nunca o farei. Simplesmente chegou a altura de fechar a minha porta a pessoas assim. Não preciso delas. Nem tão pouco o mundo precisa.

Há males que vêm por bem e, de facto, há determinadas fases da nossa vida que servem para também abrirmos os olhos. Para deixarmos de ser ingénuos. Para deixarmos de chorar e sofrer por aqueles que nos viram as costas e que, se for preciso, a seguir ainda nos empurram sem pensarem sequer duas vezes. Quando, no final de contas, a única coisa que precisávamos era de um amigo…de um amigo que nos ouvisse mesmo que no silêncio...