sexta-feira, janeiro 30, 2009

Quem sai aos seus não degenera

Em 27 anos, as palavras mais bonitas que me dedicaram até hoje foram do meu Pai. Não sou uma “menina do papá”, mas de facto ele é o meu maior orgulho. O meu maior pilar. O meu maior amor. Mesmo estando longe está sempre tão perto. Mesmo estando ausente está sempre tão presente. [“do teu Pai que te ama muito”, “da tua filha que te venera e idolatra”, assim nos vamos tratando]

Muito do que sou a ele o devo [especialmente o meu lado “balelas” e lamechas :)]. Entre sorrisos, lágrimas…o meu Pai traduz-se no verdadeiro Homem da minha vida. Na única pessoa do mundo que nunca me desiludiu. E, muitas vezes, é pensando nele que ganho forças para ultrapassar as maiores adversidades da vida. Porque ele próprio é também o maior exemplo de força.
Obrigada papi [quase todo o mundo diz isto…mas tu és realmente o melhor Pai do mundo].

“Fazes-me muita falta filha. Não te preocupes, eu estou bem e sei que tu também estás. Só não tinhas nada que crescer tão depressa (…)”

“Tenho saudades tuas filha. Desculpa ainda não ter aprendido com a realidade mas sinto-me muito sozinho. Mesmo fechada no teu quarto o meu coração tinha conforto (…)”

“Há 25 anos quando te tive pela primeira vez nos braços pensei, na inocência dos meus 21 anos, que tinha realizado o maior feito do mundo. Que tinha criado um ser quase que perfeito. Hoje, na tranquilidade dos meus 46 anos, continuo a achar o mesmo (…) do teu pai que te ama muito e continua a ter dificuldade em viver o dia a dia sem te ver, porque o resto sei que terei sempre.”

(resposta à minha afirmação de que a vida não é um mar de rosas)
“Não é um mar de rosas mas não há nada melhor do que estar vivo. E tudo, mesmo quando não parece, tem algo para ter acontecido… Ainda hoje a minha mãe me disse (muito mal): Não faças como eu. Não esperes até aos 70 anos para chegares à conclusão que não viveste. Eu apenas disse: Não digas isso, nunca mais (…) se não tivesse casado com quem casei não tinha hoje as melhores filhas do mundo. Podia ter uma Patrícia mas não teria a MINHA Patrícia. Só isso jamais me fará arrepender de nada (…) Fica em paz filha, estou sempre por perto enquanto respirar.”

A isto só posso chamar de Amor. Amor puro. Amor genuíno. E por isso hei de acreditar sempre que ele realmente existe e é possível. Porque foi assim que aprendi a amar!

terça-feira, janeiro 27, 2009

“Vou levá-la a um dos meus restaurantes preferidos – diz enquanto estaciona o carro numa rua perpendicular ao mar, na Foz.
- O tal Cafeína? Nunca lá fui.
- Há sempre uma primeira vez para tudo – remata com ar absorto antes de desligar o motor. Bem, bem, ainda não nos sentamos à mesa e já começaram as bocas. Isto ainda vai dar molho.
Não escondo o meu agrado pela escolha. O Cafeína é daqueles restaurantes que conquistam mesmo antes da primeira garfada. Sento-me com a sensação de que vou cá voltar muitas vezes. (…)
Olho-o fixamente. Este homem tem qualquer coisa. Qualquer coisa de especial que me dá vontade de ficar a tarde toda a conversar com ele. E não é só charme nem simpatia. É outra coisa qualquer que não consigo definir. Uma mistura alquímica de doçura e inteligência. (…)
Fala baixo, particularmente baixo, como se nem eu própria pudesse ouvir o que diz. Sinto o olhar dele a entrar-me pela cabeça adentro. E sinto-me invulgarmente permeável, indefesa perante a sua perspicácia e rapidez. Se não lhe achasse graça, consideraria este tipo de comentários despropositados e de mau gosto. Mas há qualquer coisa nele que me desarma, e o pior é que não me estou a importar nada com o facto de ele me desarmar. (…)
Acabamos de almoçar tarde, depois de uma longa conversa em que ambos revelamos mais do que gostaríamos das nossas vidas. (…) É isso. É isso mesmo. É a calma, nele, que me seduz. O tom de voz baixo e pausado, o olhar tranquilo, os gestos ponderados, as palavras escolhidas, o sossego e o recolhimento. Este é o tipo de homem que passa horas fechado em casa a ler e a ouvir Keith Jarrett. Aposto que tem uma casa aconchegada, com uns sofás cheios de almofadas e dezenas de molduras com fotografias dos amigos na sala. Pertence ao strong silent type que o Woody Allen tanto inveja. E eu também. (…)
Está surpreendido comigo tanto como eu com ele. Há sempre um Portugal desconhecido que espera por si. (…) Se possuísse um pingo de bom senso punha-me imediatamente a andar (…) Mas, como dizem os espanhóis, el sentido común es el menos común de los sentidos. E eu tenho esta atracção fatal pelo abismo, apetece-me sempre pisar o risco e desafiar a sorte. (…) Ninguém faz nada nesta merda de país, preferem todos aderir ao sistema em vez de dar uma volta à vida.
- Se pensasse com um bocadinho mais de calma não ficava com tantas rugas nessa testa de boa aluna…
Lá está ele outra vez a apanhar-me o fio à meada. A empregada de mesa aproxima-se.
- São dois gelados de limão com vodka por favor, enquanto a senhora pensa se me vai ou não mandar à fava – diz ele à rapariga de cabelo escorrido e óculos graduados. – O que é que acha? Acha que eu mereço que ela me mande à fava ou não?
Isto é extraordinário. Está a fazer charme à empregada do restaurante e ao mesmo tempo a gozar com a minha cara. A rapariga olha para ele com um ar enfiado e esboça um sorriso falhado em forma de esgar.
- Deixe lá, o senhor gosta de dizer estes disparates.
A rapariga afasta-se com passos curtos e hesitantes.
- Como é que sabe?
- Com tanto à vontade, deve fazer destas gracinhas todos os dias.
- Olhe que não, olhe que não… – fixa-me com ar discretamente sedutor – se fosse a si, ficava hoje por cá…parece-me que nos vamos dar muito bem… o que é que acha?
Cabrão. Estás-me a lançar a rede e está-me a apetecer cair. (…)
A sobremesa aterra finalmente em cima da mesa. Ele tem razão. Gelado de limão com vodka é uma combinação de primeira água. Saboreio o manjar enquanto me observa deliciado.
- Já vi que gosta das coisas que lhe recomendo…
- Pois gosto.
- E olhe que ainda não viu nada.
Se a presunção pagasse imposto, este gajo levava com a tabela máxima.
- O que vi já chega.
- Mas o que eu vi ainda não.
- O que é que quer dizer com isso?
- Quero dizer que você é uma mulher excepcional em demasiadas coisas para eu não me interessar por si. É muitíssimo esperta, sabe o que quer, trabalha bem, é bonita, tem uma maneira de se arranjar que me agrada, é requintada, elegante, tem savoir faire, tem bom ar…olhe, acho-lhe imensa graça, o que é que quer que eu lhe diga?
Quero que te cales, estúpido. Sabes muito bem que as mulheres resistem mal a elogios e estás-te a aproveitar disso. (…)

Estou a apaixonar-me minuto a minuto, segundo a segundo. Sinto-me dissolvida nele e em tudo o que o rodeia. Sei que este jogo é perigoso e arriscado, há muitos anos que não o jogo, mas agora não me interessa. Quero perder a cabeça e deixar-me ir nos braços deste homem. Do aplauso nasce o amor, escreveu Gabriel Garcia Marquez, eu admiro este homem. Admiro-o em tudo o que faz e que diz, pela forma como o faz e como o diz. Admiro a sua calma e ponderação, a sua forma sossegada de amar, o seu espírito crítico e observador, a sua cabeça pensante e a sua personalidade vincada sem um traço de dureza. Quero tê-lo perto de mim, nem que seja por um dia, nem que seja por um instante. Estou a apaixonar-me outra vez, mas já nada me preocupa. Perdi o medo, sou só vontade. Ele olha-me com os olhos cheios de curiosidade e prazer, como se quisesse registar na memória cada momento, cada gesto, cada movimento da minha boca.
- Há momentos na vida em que me sinto tão próximo da perfeição que podia morrer daqui a uma hora e não me importava.
Respondo-lhe: eu também…
Quando olho para o relógio passa das cinco da manhã e espanto-me com a frescura que sinto, como se o corpo não fosse meu, como se apenas o meu espírito ali estivesse a pairar, suspenso no tecto a vaguear (…)
Ele abraça-me outra vez, levanta-se e traz-me o pequeno-almoço à cama. O dia começa a clarear lá fora enquanto dançamos durante horas esquecidas, fundidos um no outro, como se tivéssemos crescido a dançar juntos.
E nessa manhã, algumas horas mais tarde, quando acordo ao lado dele e o vejo erguer-se a abrir ligeiramente as cortinas, reparo que daqui a alguns anos vai ficar careca e que não me vou importar.”

In "Não há coincidências" de Margarida Rebelo Pinto

segunda-feira, janeiro 26, 2009

"Vamos para onde? - Longe. E onde é que isso fica? - Perto."

Na sua solidão, cada um deles pode, pura e simplesmente, perder-se... ou, talvez, encontrar o outro.

Vamos sorrir juntos?

sábado, janeiro 24, 2009

Faz-me acreditar

Lugares: poucos. Músicas: algumas. Momentos: vários. Lembranças: todas. Sentimentos: grandes. Mágoas: impensáveis. Saudades: imensas. Desejos: muitos. Dúvidas: apenas uma...desistir mesmo sendo apologista de que nunca se desiste?


"Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar"



Cada lugar teu - Mafalda Veiga

quarta-feira, janeiro 21, 2009

O que me apetecia agora mesmo...

...era ouvir esta música ao vivo. Saltar enlouquecida e cantá-la o mais alto que a minha voz permitisse. Sentir a energia da multidão ao rubro e absorvê-la a 100%! Uiiii...ia ser uma terapia fantástica!!!
The Killers no seu melhor com "Human". Como ouvi no outro dia um jovem a dizer, com o belo do sotaque à Porto: "GANDA MALHA!" [já que não pode ser ao vivo, no meio do povo...salto e canto - ou tento - em casa] So...Let's Rock!

terça-feira, janeiro 20, 2009

Carpe Diem

O que pode demorar dias, meses, anos a ser construído pode demorar um segundo a ser destruído… Penso que na vida não deveriam existir determinadas palavras ou expressões. Como é o caso do “talvez”, do “mas”, do “vou pensar”, do “se calhar”, do “não sei”, do “fica para depois”, quando esse depois ou o amanhã podem nem sequer existir. Chamem isto de exagero, extremismo ou pessimismo, eu cá chamo realidade. Não somos imortais e o nosso destino só a Deus pertence, como dizem os mais religiosos.

Quase todos os dias a minha mãe chega a casa e conta-me histórias que não lembram a ninguém. É o marido da amiga que teve um AVC, é a mãe de uma colega de trabalho que teve um acidente, é o pai de não sei quem que morreu de um dia para o outro, é a amiga que descobriu um cancro. E nessas alturas eu penso no quanto somos pequeninos e o quanto perdemos por sermos tão picuinhas com pormenores que, no fundo, não interessam para nada. Perdemos demasiado tempo a pensar, quando esse mesmo tempo deveria ser gasto a viver como se não houvesse o tal amanhã.

Lembro-me como se fosse hoje daqueles dias terríveis de Agosto e Setembro, quando de repente a minha avó, que respirava saúde, foi atirada para uma cama do hospital. Se por um lado a minha vida tinha dado uma volta de 180º, por outro tinha acabado de chegar de umas férias fantásticas, preparada para seguir em frente com um sorriso rasgado. Aquela notícia caiu que nem uma bomba na minha cabeça. Parecia que o meu mundo se estava a desmoronar por completo, já não sabia que mais me poderia acontecer naquele instante. Toda a gente fora, a casa vazia, eu tinha de me conseguir manter erguida sozinha, sem o apoio de ninguém. Não sei bem como consegui, sei que nestas alturas me apercebo do tamanho da força interior que temos e que desconhecemos por completo.

Quando cheguei e corri para o hospital, ainda falei com ela. Tudo me parecia mais ou menos controlado. No dia a seguir estava em coma. Não me lembro de sentir tamanho sufoco, tamanha dor. Fiquei desorientada. Não me queriam deixar vê-la naquele estado e eu teimei… Quando vi a minha avó imóvel, mantida viva por uma máquina, cheia de tubos, quase desfaleci. Dei-lhe a mão, acariciei-lhe a face e disse-lhe entre soluços – acreditando piamente que me ouvia – “ai de si que me deixe, todos precisamos de si aqui”. Não consegui ficar muito tempo. Saí a correr, desnorteada, encostei-me a uma parede das escadas e deixei-me escorregar em pleno pranto. O meu avô e os meus tios esperavam-me na porta e eu não queria que me vissem naquele estado. Limpei as lágrimas e saí de óculos escuros para que ninguém visse os meus olhos inchados. Dei um abraço ao meu avô e disse-lhe “Não se preocupe que a avó não tarda nada está em casa. Daqui a um tempo, tudo isto não passará de um pesadelo. O que ela precisa agora é que o avô acredite nela. A força da atracção existe por isso pensamento positivo!” Não sei como consegui, mas dei ao meu avô a força e a energia que nem eu tinha para mim. A verdade é que ele me dizia todos os dias “Em casa estou sempre a repetir em voz alta: ela vai ficar bem, ela vai ficar bem!”. E eu ficava feliz por estar a conseguir dar ânimo a quem dele precisava, porque sei que se a minha avó partisse, o meu avô partiria junto. E isso seria uma tragédia na família.

Nesse dia saí do hospital em estado de choque. O carro ia para onde queria, eu já nem sequer o controlava. Sei que a dada altura o parei, saí e sentei-me em pleno passeio a olhar para o céu e a pensar “O que é que eu faço?”. Nunca tive um sentimento de impotência tão grande. Quando os meus pais me ligavam tinha de fingir que estava tudo bem, dentro dos possíveis. Quando estava em casa, sozinha, o telemóvel sempre que tocava eu estremecia, com medo do nome que ia aparecer no visor e do que poderia ouvir do outro lado. Nesta altura, todos os restantes problemas da vida me pareceram fúteis e banais. Nunca a palavra nunca esteve tão presente. Quando dizem que nestes momentos de aflição uma pessoa se agarra a tudo, é bem verdade. A igreja foi o meu maior refúgio. E o meu maior apoio.

Sem entrar em muitos mais pormenores, a verdade é que, da mesma maneira que de um dia para o outro a minha avó tinha ficado entre a vida e a morte, também de um dia para o outro recuperou. E no natal brindamos todos à presença dela entre nós com um sorriso e lágrimas nos olhos de felicidade. A hora dela não tinha chegado. Felizmente.

Quando recordo aquilo que passei com esta situação de quase perda, sinto que deveria dizer todos os dias às pessoas de quem gosto, o quanto gosto delas e o quanto são importantes para mim. Sinto que deveria viver mais intensamente, sem medos, sem vergonhas, arriscando tudo e dando tudo de mim como, quando e a quem me apetece. Sinto que devia dizer a toda a gente que tem um “talvez” na vida que tenha antes uma certeza. Que viva e aproveite todos os momentos sem receio, sem dúvidas, sem os entraves que todos teimamos em meter no nosso caminho!

A felicidade depende de nós. E isto que hoje aqui escrevo vou fazer por ler muitas vezes. Para que me lembre, sempre que me esquecer, que a vida são dois dias…

sábado, janeiro 17, 2009

Sobre a Felicidade

Felicidade é…

Os dias longos de verão. O sol a brilhar. A areia nos pés. O som do mar. O bronze dourado. O gelado ao final da tarde. As noites quentes. As caipiroskas fresquinhas e a sangria.

O pequeno-almoço. O almoço. O lanche. Os jantares. A ceia. Acompanhada por quem me é especial.

Ver o nascer e o pôr-do-sol.

Tomar um banho quente no Inverno. Tomar um banho fresco no Verão.

Ir de férias. Contigo. Com eles. Com elas. Com vocês. Do meu coração.

Ouvir música. Na rádio. Na aparelhagem de casa. No computador. Num concerto. Dançar. Saltar. Cantar. Gritar.

Rir-me às gargalhadas até que me doam os abdominais e escorram lágrimas dos olhos.

Jogar às escondidinhas. Ás caçadinhas. Á macaca. Ao elástico. Ao “natural water killers” e ao “lambe-cricas” na Zambujeira. Um jogo qualquer inventado porque me/nos apeteceu…

Um prato cheio de massa. Á carbonara. Á bolonhesa. Com frango. Com feijão e grão de bico. Ou simplesmente massa.

Quando não posso ou não me apetece ir. Mas me demonstram que faço falta.

Surpreender. Ser surpreendida. Os sorrisos provocados pelo inesperado.

Uma mensagem. Um telefonema. Uma carta. Um e-mail. Quando não se está à espera.

Um abraço apertado. Um beijo sentido. Um mimo carinhoso. Um gesto ternurento. Um olhar a brilhar. Passear de mãos dadas.

Conduzir numa estrada sem trânsito. Larga. Sem curvas. Na luz do dia. O pé a pesar no pedal do acelarador. A música aos berros.

Ir para a montanha no Inverno. Os skis nos pés. A paisagem branca. Ir para fora de pista. Cair sem me magoar. Ficar com o gorro, o cabelo e os óculos cheios de neve. Rir sem conseguir parar estendida no chão. Baixar-me e deixar-me ir a toda a velocidade, a sentir o vento gélido na face que o cachecol não consegue tapar… As tostas mistas ao final do dia. O chá a ferver à noite. A lareira acessa. O edredon fofinho. O filme no aconchego.

Vestir roupa nova. Sentir-me bem. Receber um elogio.

A minha pika. Os mimos. As brincadeiras. A companhia. Os passeios na praia.

Partilhar. Sonhar. Fantasiar. Lutar. Concretizar. Ganhar. Dar. Receber. Amizade. Amor. Sinceridade. Honestidade. Humildade. Simplicidade. Segurança. Confiança. Liberdade. Tranquilidade.

A felicidade é...
(por Miguel Esteves Cardoso com alguns comentários meus)

"...Feliz é uma coisa que se é ou não é. Não se pode "estar" feliz. Pode-se estar bem disposto, pode estar-se alegre, pode estar-se satisfeito, mas feliz é a coisa que simplesmente não faz sentido estar. Ou se é ou não se é.

...Feliz é também uma coisa que ninguém se torna, que ninguém fica e que ninguém compra. Ou se é ou não se é. É como ser louro (apesar de eu achar que ser feliz é mais parecido com ser moreno). As pessoas felizes são aquelas que têm vergonha de falar nisso. Em Portugal, dizer "eu sou feliz" é como dizer "eu sou rico". É escandaloso.

...Para se ser feliz é preciso ser um bocado parvo. [concordo em pleno!! Estou sempre a dizer "sou tão parva!". Afinal ando sempre a dizer que sou feliz]

...As pessoas felizes só pensam nos outros. É como se não existissem. É por isso que conseguem ser felizes. É uma ilusão de óptica muito bem feita. Ninguém é mais feliz que o homem invisível.

...Para se ser feliz é preciso ser-se um pouco cegueta. [eu sou, eu sou!!] Entre as coisas que as pessoas miseráveis, normais, estão sempre a chamar às pessoas felizes, há: ingénua, lírica, naïf, boazinha. Aquela de que gosto mais é "Vives noutro mundo!". Haverá coisa melhor que viver noutro mundo, para quem conheça minimamente este? [Agora percebo porque todos dizem que sou ingénua e boazinha. Acabou-se a minha dúvida existencial! Também estou sempre a queixar-me que quero pôr os pés na terra e não consigo...afinal os outros é que estão mal!]

...Em Portugal, a felicidade é reprimida. A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os portugueses, quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles.

...Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são mais interessantes. Nós, os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes. [Com isto só posso ser a favor da extinção de Portugal!]

...E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de culpa.

...As pessoas felizes precisam de se afirmar, de deixar de fingir que também estão permanentemente na fossa. Devia haver emblemas grandes a dizer "EU SOU FELIZ E ESTOU-ME NAS TINTAS" ou "EU SOU FELIZ E NÃO TENHO CULPA".

...As pessoas felizes também choram, também sofrem, também se angustiam. Só que menos. Aliás, muito menos..."

sexta-feira, janeiro 16, 2009

21 | 11




"Fotografa-me agora com os teus olhos e pergunta-me outra vez para que eu possa dizer-te sim e repetir…"

"O que é este sentimento, que embala e me encanta, traz-me a magia, ser tua, ser meu, ser teu, ser minha, nesta imensa jornada?... Quem me diz do peito ardendo, o suor escorrendo, um calor percorrendo o meu corpo ansioso, quem me diz o que é… o que tenho? E o amor responde-me… é o sentimento mais belo, que tem até dia eterno, para ser celebrado, saudado, lembrado… é o sentimento mais nobre, efeito que envolve, anestesia e te enche de luz… e o amor dá-me as mãos, cativa-me, sussurra prazeres… conta-me dos seres que envolve… domina… e nesta magia, me entrego aos teus braços, sorrisos abertos, olhares brilhantes e nele me envolvo, me aqueço e num só desejo, me entrego…me dou!!
...
Assim do amor aplico todo o excesso, sem a menor fracção desperdiçar, e sigo amando mais e recomeço, mostrando a arte de viver, de amar. Deixa em teu rosto minhas mãos carentes e sente como estão húmidas de amor e que, na brevidade do calor, dizem palavras mudas-eloquentes. São mãos querendo desesperadamente carícias, que um tempo sem candor levou e que, despidas de pudor, procuram por lembranças já dormentes. Se a lua faz-se bola de cristal, e vagalumes beiram o luar, elas se aquecem em teu brilho banal. Deixa teu rosto de pedra sonhar, que minhas mãos são jorros d’água e sal, que caem sobre ti com sons de mar… O nosso amor é sangue. É seiva. É sol. É Primavera. Amor intenso. Amor instante. O nosso amor é uma arma. E uma espera. O nosso amor é um cavalo alucinante. O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa. Rasgando o céu azul-coragem. Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo. O nosso amor. O nosso amor é como a flor do aloendro. Deixa-me soltar estas palavras amarradas…"

Eternis

quarta-feira, janeiro 14, 2009

No meio da multidão, numa luz ténue mas cintilante, instável, olho de relance para trás e vejo-te. Nesse momento tudo pára, como só nos filmes é possível. As pessoas ao meu redor deixam de existir, o movimento deixa de se sentir, o barulho deixa de se ouvir, o espaço deixa de ser de todos e passa a ser só nosso. Só nós e a música, que não é ruído.

Os nossos olhos fixam-se, encantados. Sorrimos um para outro e nesse segundo desvio o olhar para o chão, sem jeito. Olho novamente para ti e estendes-me a mão. O mundo à nossa volta continua a ser uma espécie de utopia. Naquele lugar, apenas eu e tu. Dou-te a minha mão, agarrando a tua com vigor. Puxas-me para ti e entrelaças-me nos teus braços. Caras encostadas, sinto o teu cheiro que se mistura com o meu. Passo a minha mão pelo teu cabelo, num gesto de ternura. Beijo-te o pescoço e perco-me…no tempo e no espaço…perco-me em ti.

A música ainda se ouve. Toda a gente a deve ouvir. Tu também a ouves. Senti-la também toda a gente a sente mas todos de uma forma diferente. Todos interpretam a melodia da música como querem. Todos sentem a música conforme o estado de espírito, conforme as memórias ou as lembranças à qual a associam. Começa a tocar uma música calma, que transmite tranquilidade e pede o aconchego. Os nossos corpos, ainda agarrados, deixam-se levar por ela e movem-se ao som das notas que se soltam. Sinto-me em paz e protegida. Se conseguisse, se tivesse esse poder, parava a vida naquele instante e assim ficava…para sempre. Sentindo-me assim, contigo preso a mim.

Olhamos novamente um para o outro e passas a tua mão pela minha face. Sorris. Eu fixo-te com o olhar. Ao mesmo tempo que me acaricias e sorris, ouço-te dizer-me “És tão bonita”. O meu olhar fixo torna-se a mover, timidamente, e solto um riso de felicidade por ouvir as tuas palavras que sinto sinceras. Olho para ti novamente, com carinho. Com os corpos ainda em “slow motion”, chego-me a ti, ao teu ouvido e, mesmo sem talento, canto-te baixinho: “não me deixes…no livro que eu não li, no filme que eu não vi, na foto onde eu não entrei…não me deixes na história que não terminou…” Com as tuas mãos à volta da minha cintura, apertas-me ainda mais contra ti, como quem abraça o tempo, como quem abraça a vida, e dizes-me em segredo “Onde estiveres, eu estou. Onde tu fores, eu vou. Se tu quiseres assim. Meu corpo é o teu mundo…és parte de mim. Para onde olhares, eu corro. Se me faltares, eu morro. Agarra-me esta noite…”.

E eu agarro-te. Deixo-me estar perdida em ti e no teu beijo. No nosso beijo. Para o resto dos meus dias.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Há dias assim. Em que até as palavras perdem o sentido.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Afinal, o que são os sonhos?

Ontem - numa das minhas "paragens de respiração" - recuei no tempo e dissequei os sonhos que tinha aos 18 anos. Nessa altura imaginava-me:
- casada por volta dos 25 anos, com o amor da minha vida, feliz e em harmonia;
- com um curso superior acabado;
- com um emprego motivador a nível económico e psicológico;
- com um apartamento modesto mas acolhedor [com um recheio pobre mas de qualidade!]
e
- com perspectivas elevadas de evolução na carreira e na vida.

Passados 10 anos, portanto estando eu agora entre os 27 e os 28 anos de idade:
- não sou casada, nem sequer tenho alguém que seja o "amor da minha vida" [príncipes de cavalo preto há muitos...raro é encontrar os de cavalo branco!];
- acabei um curso superior com saídas profissionais mas cujas portas se encontram todas encerradas [entreabertas para quem seja detentor do "factor C"];
- tenho um trabalho - e não um emprego - motivador mas inseguro e mal remunerado;
- continuo a viver com os meus pais porque ainda não consegui criar condições para ser independente;
e
- as minhas perspectivas são cautelosas e bem mais limitadas do que aquelas que eu esperava ter nesta fase da vida!
Fazendo as contas, o saldo é bem negativo.
Após esta viagem ao passado, sustenho outra vez a respiração, e pergunto-me quais são os meus sonhos do presente:
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De repente dou conta de que tenho apenas um: voltar a acreditar que vale a pena sonhar! Será este meu sonho concretizável?
[Definição de sonho no diccionário: conjunto de ideias e imagens mais ou menos confusas e disparatadas, que se apresentam ao espírito durante o sono; utopia; ficção; fantasia. No mínimo animador!]

Até descobrir se realmente os sonhos são devaneios da nossa mente - se algum dia o descobrir - vou vivendo...sim, é mesmo isso. Vou vivendo. No mesmo mundo de sempre, aquele mundo de contos de fadas, que eu não gosto mas do qual não me consigo libertar.


03. The Scientist-Coldplay - All About Love

sexta-feira, janeiro 09, 2009

A minha carta para 2009: CARTA II - A PAPISA


A papisa traz crescimento e melhorias à vida de caranguejo, embora tudo deva ser conduzido com muita calma, observação de todos os aspectos e circunstâncias, e procurando os momentos certos.
2009 é um ano de definições na vida sentimental de caranguejo. Nessa medida pode iniciar um novo ciclo de vida, em que apenas dará passos no momento em que considerar que está apto a envolver-se de forma mais séria; estará apaixonado mas ponderado.
No plano material, Caranguejo deve manter-se atento e não dar passos em falso; o tempo deve ser um dos seus mais fortes aliados.
Economicamente, a vida flui e estará mais equilibrada do que habitualmente; parece de facto já ter aprendido algumas lições da vida.
Caranguejo tem um ano protegido na saúde.

Assim será o meu ano de 2009. Pelo menos tenho constatado, em todas as previsões do meu signo, que este será um ano de concretizações a todos os níveis. Eu sinto que sim. Talvez também porque assim o deseje.
A ver vamos... O que é preciso é não dar passos maiores do que as pernas. E não deixar que nada nem ninguém me roube o optimismo e a força de querer continuar em frente!

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Isto do gostar e não gostar...


"Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e, por vezes – em mais casos do que se possa imaginar – existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram – querem! – mas quando gostam – e podem gostar muito – há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açucares. Ou porque sim e não falamos mais nisto.

Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: 'Nem pensar, leve isso daqui que me irrita a pele'.

Ora, por vezes, o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos.. E muitas das vezes, sabendo deste nosso problema, escolhemos para nós aquilo que sabemos que, invariavelmente, iremos recusar. Daí existirem aquelas pessoas que insistem em afirmar que só se apaixonam pelas pessoas erradas. Mentira. Pensar dessa forma é que é errado, porque o certo é perceber que se nós escolhemos aquela pessoa foi porque já sabíamos que não íamos a lado nenhum e que – aqui entre nós – é até um alívio não dar em nada porque ia ser uma chatice e estava-se mesmo a ver que ia dar nisto. E deu. Do mesmo modo que no final de 10 anos de relacionamento, ou cinco, ou três, há o hábito generalizado de dizermos que aquela pessoa com quem nós nos casámos já não é a mesma pessoa, quando por mais que nos custe, é igualzinha. O que mudou – e o professor Júlio Machado Vaz que se cuide – foram as expectativas que nós criamos em relação a ela.

Impressionados? Pois bem, se me permitem, vou arregaçar as mangas. O que é difícil – dizem – é saber quando gostam de nós. E, quando afirmam isto, bebo logo dois dry martinis para a tosse. Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem ' ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho', nem ' ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada' nem ' ai que não vi a tua chamada não atendida'.

Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.
Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso.
Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós."


Por Fernando Alvim (quem diria!...)

E já que um novo ano na minha vida, e na de toda a gente, deu agora início, pode ser que também se inicie em mim uma nova capacidade de amar. E de ser amada. Mas de verdade.



Beggin - Madcon