terça-feira, dezembro 23, 2008

Onde reside o amor?

Há três remédios que ainda não foram inventados: o remédio para a estupidez, o remédio para a paciência e o remédio para cortar laços. Num mundo perfeito, as pessoas iam à farmácia e pediam uma caixa de comprimidos para o bom feitio, ou umas injecções para os neurónios. Quanto aos laços, não imagino outro objecto senão uma tesoura bem afiada para cumprir a missão.
Alguém devia inventar uma tesoura para cortar laços, sobretudo quando os laços já estão cheios de nós cegos e não há volta a dar. À falta de um objecto contundente que serviria para cortar o mal pela raiz, restam os procedimentos habituais: bater com a porta, deixar de telefonar, não atender chamadas, fazer exercícios de abstracção, em suma, fechar o coração.
FECHAR o coração é um exercício duríssimo para quem o tem. Não estou a falar dos já aqui citados donuts que alguns seres humanos escondem, nos quais as setas do Cupido se atravessam sem provocar a mais leve ferida, caindo no vazio do buraco negro de forma inconsequente. Estou a falar de pessoas com coração, que sabem dar e receber amor. Quem deixa um grande amor para trás carrega grilhetas tão ou mais pesadas do que aquele que fica sentado, pregado na pedra do porto, como canta Chico Buarque. Bater com a porta requer coragem, concentração e muita força de vontade. É preciso saber desistir e hoje em dia ninguém gosta de desistir de nada, muito menos do amor, até porque o amor é um bem escasso que facilmente se confunde com entusiasmo, atracção física, tesão, paixão ou entendimento. Mas afinal o que é o amor, senão uma soma nada matemática que engloba todas estas sensações, sentimentos e estados?
Há algum tempo que desisti de definir o amor e passei a concentrar-me em entender onde reside o amor. Isto porque acredito que o amor em si não existe, o que existe são provas de amor. Logo, essas provas podem estar à vista de todos. E é por esta ordem de ideias que as pessoas ficam noivas, trocando promessas e anéis, e depois se casam, trocando mais promessas e mais anéis. As celebrações amorosas servem para selar o amor. Por outro lado, as rupturas amorosas não seguem preceitos nem rituais; cada um faz o melhor que sabe e aguenta-se como pode, engolindo a mágoa do conformismo, ou remando contra a maré. Como escreveu Truman Capote – que por acaso jogava na equipa dos donuts – a morte de um sonho é tão triste e dolorosa como a própria morte, merece por isso o respeito e silêncio para com aqueles que a sofrem. Quando alguém desiste de um amor, está também a desistir de um sonho que já acalentou. E é muito difícil desistir. Abdicar de um amor dói, e essa dor dura, demora a partir. É como viver com uma pedra encostada à garganta.
Quem quer mesmo desistir tem de conseguir cortar o mal pela raiz, antes que os laços se tornem nós à volta do pescoço e do coração. É preciso pegar na tesoura e zás, cortar sem dó nem piedade, e sobretudo sem olhar para trás, sob o risco de reviver o mito daqueles que, ao partir de Sodoma e de Gomorra, se transformaram em estátuas de sal.


«É preciso acreditar como da primeira vez, é preciso confiar, é preciso pensar que a tal pessoa certa para nós existe mesmo e que todos podemos ter sorte na vida.»


«Não é fiel quem quer, é fiel quem pode»


«Dantes as pessoas encontravam-se, agora andam aos encontrões.»


«O sexo é como o universo: infinito, misterioso e eterno.»


«A monogamia não é uma escolha, é uma vocação.»


«O prazer é como uma caixa de bombons suíços, temos sempre vontade de lá voltar.»


«Acredito que a infidelidade é uma armadilha; primeiro abraça-nos e depois estrangula-nos.»


«Não há nada mais importante do que investir no nosso coração. E no coração daqueles que amamos, ainda que nem sempre o mereçam. Quem não investe no coração, pode ganhar muito na vida, mas não ganha o amor nem a generosidade alheia. Investir no coração é investir na continuidade e na continuação da nossa vida; é como ter filhos e investir neles, ficamos um passo mais perto da eternidade.»


« Será verdade que os homens amam o que desejam e as mulheres desejam o que amam?»


By Margarida Rebelo Pinto


As setas do cupido andam sempre por aí, a ser lançadas para várias direcções. Pena que a pontaria não esteja afinada e elas nunca ou poucas vezes acertem nos corações certos... O amor é mesmo assim: um conceito eternamente indefinido.
E porque é tempo de festas, um feliz natal.



All I Want For Christmas- Mariah Carey -