segunda-feira, novembro 23, 2009

"Isto é para ti", estendeu o braço e pousou na minha mesa uma espécie de "teaser" à nova obra da Margarida Rebelo Pinto, intitulada "O dia em que te esqueci".

A amiga que teve este gesto tem uma escrita mais ao estilo MEC mas, embora eu goste de vários estilos literários, incluindo aquele em que o MEC se encaixa, sou mais uma colagem da MRP.

Não fosse ela ser mais velha e ter entrado neste mundo mais cedo, e talvez eu pudesse ser uma MRP, com um género de escrita entre o emocional "lamechas" e o racional "com a experiência se aprende". Duvido que existam mulheres que, de uma forma ou de outra, não se revejam nas histórias que ela narra e, se as há, devem ser numa percentagem (muito) pouco significativa.

A minha próxima aquisição para leitura: "O dia em que te esqueci", o dia que existe na vida de todo o comum mortal. Toda a gente já teve que, um dia, esquecer alguém. Um alguém amigo, um alguém amor, por circunstâncias da vida, com ou sem ironia.

Nesta pequena amostra do conteúdo da nova obra da MRP pode ler-se "Tu foste a minha grande aposta e a minha maior decepção", existem sempre sonhos derrubados pela própria ilusão inerente a eles. Parece-me um facto dificilmente contornável.

"...foi preciso cair e levantar-me ainda algumas vezes até chegar onde me encontro agora, um território de paz e de tranquilidade jamais alcançado e do qual espero não voltar a sair." Já diz alguém - eu mesma - que "faz parte"!... A vida é um processo evolutivo e são estas quedas que nos ajudam a "ser grandes para sermos inteiros". Como haveríamos nós - seres humanos - de aprender e, consequentemente, crescer? Não existe caminho para a felicidade que não envolva acidentes de percurso.

"Lembro-me que no final desse verão virei mais uma página da minha vida. Acordava desfeita, respirava fundo, olhava para o mar, que me acenava, imenso e perfeito da janela, e pensava: tenho de mudar, tenho de aprender com isto, a vida é mais do que sofrimento, angústia, espera e vazio, tenho de aprender a viver outra vez, de uma maneira diferente, que não me faça sofrer tanto. E fui aprendendo, muito devagar, a cada dia que passava, da mesma forma que vou aprendendo ainda hoje." Curioso como este resumo tem excertos que se encaixam na perfeição em diferentes alturas e experiências da minha vida. Deve ser por isso que as palavras dela "assentam em mim como uma luva".

"Agora vivo diariamente momentos de enorme felicidade e de profundo entendimento com tudo o que me rodeia porque sei que estou a viver uma segunda oportunidade (...) Há mais no mundo para ver e para amar (...) Umas das melhores coisas da vida é que ela muda. Nem sempre muda quando queremos ou como desejamos, mas muda. E no meu caso, porque sou uma pessoa abençoada, muda para melhor. Pelo menos acredito que assim é. E o mais importante não é aquilo que vivemos, mas aquilo em que acreditamos."

Pode ainda ler-se que esta obra é dedicada a "todas as mulheres que viveram um grande amor" e a "todos os homens que o perderam". Eu não o vivi (pretérito passado) mas sei que certamente houve quem o perdesse.

Se o destino assim o quis, foi porque algo de melhor me esperava. E dúvidas disso, não me restam nenhumas. Os meus desejos de menina-no-país-das-maravilhas vieram, sem pré-aviso, sem data nem hora marcada, cair-me nos braços. Hoje sorrio por mim para ti e para mim por ti!