terça-feira, março 29, 2011

Na próxima vida quero ser...um cão

...daqueles que vivem numa grande casa, podem dormir na cama dos donos, saltar para cima dos sofás, que comem ração gourmet (e uns petiscos por fora, de vez em quando), recebem mimo de toda a gente, e que dão passeios diários junto à praia ou num jardim.

Uma das coisas que mais odeio nas mulheres é a incapacidade de, pelo menos nos momentos menos fáceis, serem pouco práticas e demasiadamente sôfregas. Assim, como se...o mundo acabasse amanhã e não existisse mais nada para além do "agora".

Somos pura e simplesmente masoquistas. A bomba explode, com a força de uma bomba atómica (a qual desconheço, felizmente, mas que deve ser forte quanto baste), e vamos trabalhar com umas olheiras até aos pés. Perguntam-nos "está tudo bem?" e a resposta resume-se a um pranto de lágrimas com soluços à mistura. Ouvimos músicas, vemos imagens, pegamos em objectos que trazem todas as boas recordações e nos fazem desejar que tudo não passasse de um pesadelo. Contam uma piada e não nos rimos - nem o melhor palhaço do mundo nos consegue arrancar um sorriso nestas alturas -, a concentração esvanece-se, a paciência para aturar seja o que for é pouca e a vontade de falar é nula. Aliás, quanto mais nos deixarem estar caladas melhor. Isto sem referir o nó do estômago que enquanto não desata não nos deixa meter nada à boca sem que, logo a seguir, nos dê vontade de deitar tudo fora. Talvez o único sintoma que, no meio disto tudo, pode ser bom para as mulheres que desejam perder uns quilos. O pensamento anda sempre a 1000 à hora e o que num minuto até interpretamos como "pode ser um bom sinal", no segundo a seguir "se calhar significa o fim"! Estas somos nós, as mulheres, perante os dramas da vida.

Os homens não aparecem no escritório com má cara. Não ficam com os olhos como se tivessem levado dois murros porque não têm ataques de choro hora sim, hora não. Os amigos trocam umas piadas e a graça continua sempre lá. A vontade de fazer as coisas normais, do dia-a-dia, continua hirta e firme. A vontade de comer continua inata e conseguem comer uma francesinha daquelas bem fortes, se for preciso, e com o maior dos prazeres. O pensamento consegue abstrair-se, falam de tudo e com todos como se nada fosse e não andam à procura do que possa lembrar seja o que for que conduza ao problema em causa. Simplesmente continuam a viver, porque são... práticos!

Odeio que as mulheres sejam tão emocionais. Invejo os homens, esses seres racionais que se mostram sempre bem e que conseguem transformar o coração em pedra por tempo indeterminado. Odeio que não consigamos ser assim...práticas! (E, além disto tudo, ainda odeio que me mandes "bjos"!)

Quem sou eu? Tudo aquilo que sempre mostrei ser. Sou eu sempre. Igual a mim própria mas, de momento, com coração destroçado. E pouco prática. Sou eu.

U Know Who I Am



I'm sure you do...