terça-feira, novembro 04, 2008

Conto de Fadas de Sintra a Lisboa


Ele era um cavalheiro
E dele transpirava elegância
Ela era gata borralheira
Tivera que limpar a sua infância

Ele velejava no verão
E esquiava no inverno
Ela trabalhava ao balcão
De um qualquer estabelecimento moderno

Ele gostava de reluzir em si
O estilo da capital
Ela já não conseguia distinguir as cores
Da bandeira nacional

Ele tinha em vista imensos títulos
Uma futura ordem do infante
Ela achava o levantar do chá com o dedo mindinho
Algo deselegante

Mas ele um dia curvou-se a seus pés

E ela passou a ocupar o tempo
A descobrir o que era a cultura
E ele confinou-se aos seus aposentos
E descobriu a costura

Ela quis vir a entender o universo
E começou a ler Platão
E ele resolveu perceber o que era a justiça
Em frente à televisão

A ele de nada lhe valeu a carência
Nem a casa no largo do rato
Porque ela sabia que era cinderela
E enganou-o com um sapato

Ele queria ir à presidência
Agora rendia-se à evidência
Com mulheres que calçam o quarenta
Ele vai revelar prudência

Hoje ele ainda beija os seus pés

(Os Pontos Negros)

Conto De Fadas De Sintra A Lisboa - Os Pontos Negros


E assim foi.
The end of a short, short...empty story.