quinta-feira, abril 21, 2011

A cor da Felicidade

"Agora é que foi mesmo, apaixonei-me pela pessoa certa e sou feliz.

A vida tem destas coisas e de vez em quando traz-te grandes surpresas. E o Bom Rapaz é a surpresa da década. Já nem me lembro da última vez que me senti assim, mergulhada neste estado de graça em que tudo é azul e branco, e nada disto tem a ver com o sabão conhecido pelas mesmas características.

Lembro-me de estar apaixonada, isso sim, mas dessa paixão me trazer vazio, ausência, esperas infrutíferas, isolamento, tristeza, decepção. Ora, o que estou a viver com o Bom Rapaz é exactamente o oposto de tudo isso e tão diferente daquilo a que o meu coração se habituou que até fui outra vez à médica do mesmo para confirmar se estava tudo bem, a peça no seu lugar e o meu músculo da vida a bombear de forma ordeira e generosa, como é de sua essência e obrigação.

(...)

Lembro-me de acordar e de querer dizer à minha mãe que já estava salva. A máscara de oxigénio entre a minha vontade e o mundo fazia com que os sons saíssem abafados e estranhos, de modo que fui comparada ao Darth Vader, o símbolo cinéfilo do Lado Obscuro da Força, isto para quem nunca viu esse grande clássico que é A Guerra das Estrelas.

Coitada da minha mãe, sempre com aquele ar seráfico, toda mordida de medo por dentro porque uma operação ao coração não é o mesmo que desencravar uma unha, e eu ali, a acordar devagarinho, a regressar ao mundo onde as pessoas se chateiam com coisas sem importância nenhuma porque têm saúde e nem se lembram dos que estão nos hospitais a colocar chapéus de chuva no coração, ou outras peculiaridades.

Isto tudo para te explicar que a separação de sangues também se deu na minha vida real quando me apercebi de que o passado estava arrumado no lugar onde deve estar sem infiltrações no presente nem qualquer peso no futuro, de forma que a paixão e o amor que agora vivo não têm nenhuma nuvem a pairar sobre a sua beleza. Vivo um amor todo claro sem neblina nem geada, suave e seguro na ausência, violento e vulcânico na presença, feito de corpo, alma, coração e sexo, de entrega, verdade e paixão, de respeito e de entendimento, de riso e de admiração, de presente e de futuro, projectado em casa ainda não vividas, sonhado em viagens a consumar, desenhado a quatro mãos em sonhos e planos possíveis, vontades por descobrir e desejos a realizar.

O lado bom de ter um coração novo é que só entra lá para dentro quem tu queres. E como os fantasmas já se diluíram no sangue e no tempo, aqui me encontro, entregue à felicidade, onde tudo é branco como todas as cores e azul como o céu.

Vivo o céu na terra, sou uma mulher cheia de sorte."

Margarida Rebelo Pinto in "A minha casa é o teu Coração"

segunda-feira, abril 18, 2011

Tempo de arrumações...e de chegada a conclusões

É uma pena ter destruído, apagado ou deitado ao lixo quase todos os vestígios de uma fase da minha vida que hoje nem sequer sinto que tenha sido vivida por mim, tal foi  forma como a eliminei da minha memória e do meio onde vivo.

Hoje, Mulher feliz e serena, juntaria os pedaços deste "thriller" e editava um livro bem ao género da Margarida Rebelo Pinto. Uma pena... Não fosse a pressa de me livrar daquele vírus quase mortal, teria agora uma boa - diria até excelente - matéria para tentar abrir os olhos de muitas mulheres que por aí andam; não cegas e perdidas de amor, mas sim cegas de sonhos de menina.

« 12 de Agosto de 2007

Ás vezes não sei porque ainda me dou ao trabalho de dar alguma hipótese à nossa relação...

Como já te disse, vezes sem conta, em quase 8 anos que nos conhecemos nunca consegui ter estabilidade e tranquilidade. Mandas-me uma mensagem quase às 3 da manhã a dizer "estou na merda" mas, na verdade, tens sempre outro alguém com quem te preocupar  e entreteres!

Nos últimos tempos tenho sido "bombardeada" com comentários de outras pessoas, algumas tuas amigas, outras minhas, outras até que não conheço, que me dizem "ele é má pessoa", "ele engana-te sempre que pode", "ele nunca te vai fazer feliz", e eu vou-me defendendo e dizendo "não acredito que ele seja assim", "não me posso ter enganado com uma pessoa tanto tempo", e vou também pensando "ele engana-me mas eu sei que um dia ele mudará"...

Afinal quem terá razão? Essas pessoas que não ganham nada em abordar-me com comentários sobre ti, ou eu é que quero acreditar que ainda existe um futuro?

Não existem motivos para eu ter razão...quando olho para trás só vejo turbulência! Anos e anos que passei angustiada por saber que me enganavas com a "Cristina", anos e anos de tormento por saber que para além da "Cristina" ainda te metias com mais meia dúzia de mulheres, anos em que quase enlouquecia por causa da tua relação doentia com a "Maria", e agora a inquietude por causa da linda "Catarina" e de uma "Susana" que nem sequer sei quem é!

O que queres tu? Quem és tu afinal? Será essa tua obsessão por mulheres normal?

Não quero passar o resto da minha vida em pânico porque não consegues ser leal e honesto. Não quero passar o resto da minha vida desconfiada e com uma vontade incontrolável de 'cuscar' os teus pertences sempre com a certeza de que vou encontrar coisas que me vão magoar. Não quero que me digas à noite 'vou para casa' ou 'estou em casa', e eu ir atrás de ti e não te encontrar, como já tem vindo a acontecer. Não quero ter aniversários estragados, natais e passagens de ano tristes só porque tu não dás importância. Não quero sonhar em viver contigo quando preferes passar fome a viver num apartamento. Não quero lutar por um futuro quando a pessoa que está ao meu lado prefere não ganhar dinheiro a ser empregado de alguém. Não quero ser infeliz!

Chega de mentiras. Chega de falta de respeito para comigo e para com os meus sentimentos. Chega de me iludir. Afinal, não és mesmo quem eu penso que és. Afinal, quem me diz "ele é má pessoa" tem razão. Afinal, apaixonei-me por uma pessoa que só existe na minha cabeça.

Quem destruiu foste tu! Agora preciso de tempo sim. Para pensar como vai ser com a mobília. Para pensar como vai ser com os cães. Para pensar no que vou fazer com estas recordações sujas de traições infindáveis.

Não és amigo de ninguém. Não gostas de ninguém. Não amas nada nem ninguém. Para ti o mundo resume-se a ti próprio. Vais ser feliz assim? Pensa nisso.»

Poucos textos restaram. Salvou-se este e talvez mais dois ou três. Hoje voltei a lê-los exactamente por me ter lembrado de que os queria apagar, numa arrumação à minha caixa de emails já sem ordem, coisa que nem parece minha, tenho a vida organizada ao pormenor.

Arre!... Uma pena mesmo não ter aproveitado estes frutos - os poucos sem podre - desta experiência a que chamo "atraso de vida" mas que, ao mesmo tempo, fez de mim a Mulher que sou hoje.

Não sei que nome daria a este livro se me fosse possível escreve-lo. Pensaria nisso com mais calma e seriedade se tivesse juntado todos e tantos textos equivalentes ao transcrito acima (os nomes são falsos, claro, para não ferir susceptibilidades). Como eu adoraria reave-los, só para concretizar este sonho de ter um livro meu. 

Afinal, são muitos os livros que vamos escrevendo ao longo da vida sem sequer darmos conta...

Quem sabe sirva de base para inspiração. Nunca é tarde para concretizar um sonho, mesmo que preenchido de pesadelos passados.

segunda-feira, abril 04, 2011