quinta-feira, dezembro 06, 2007

Pais para Sempre


Não deixamos de precisar dos nossos pais à medida que crescemos. Pelo contrário, precisamos sempre de mais pais. Precisamos da sua serenidade sempre que a nossa insista em fugir-nos. Precisamos do bom senso deles quando o nosso parece capitular diante dos impulsos. Precisamos da clarividência com que nos falam sempre que fugimos da razão.
Tragicamente, muitos pais começam a morrer devagarinho à medida que crescemos. Morrem um bocadinho sempre que nos decepcionam. Morrem um pouco mais quando não reconhecemos, nos seus actos, os valores que nos ensinaram e mais ainda quando nos levam a fazer só de pais ao pé de si.
Na verdade, muitos pais morrem dentro de nós muito antes de morrerem. E sempre que morrem mais um bocadinho, morre uma parte da esperança com que esperamos que nos guiassem por entre todas as nossas decepções.

Eduardo Sá, Psicólogo Clínico, in "Tudo o que o amor não é"