sábado, janeiro 17, 2009

Sobre a Felicidade

Felicidade é…

Os dias longos de verão. O sol a brilhar. A areia nos pés. O som do mar. O bronze dourado. O gelado ao final da tarde. As noites quentes. As caipiroskas fresquinhas e a sangria.

O pequeno-almoço. O almoço. O lanche. Os jantares. A ceia. Acompanhada por quem me é especial.

Ver o nascer e o pôr-do-sol.

Tomar um banho quente no Inverno. Tomar um banho fresco no Verão.

Ir de férias. Contigo. Com eles. Com elas. Com vocês. Do meu coração.

Ouvir música. Na rádio. Na aparelhagem de casa. No computador. Num concerto. Dançar. Saltar. Cantar. Gritar.

Rir-me às gargalhadas até que me doam os abdominais e escorram lágrimas dos olhos.

Jogar às escondidinhas. Ás caçadinhas. Á macaca. Ao elástico. Ao “natural water killers” e ao “lambe-cricas” na Zambujeira. Um jogo qualquer inventado porque me/nos apeteceu…

Um prato cheio de massa. Á carbonara. Á bolonhesa. Com frango. Com feijão e grão de bico. Ou simplesmente massa.

Quando não posso ou não me apetece ir. Mas me demonstram que faço falta.

Surpreender. Ser surpreendida. Os sorrisos provocados pelo inesperado.

Uma mensagem. Um telefonema. Uma carta. Um e-mail. Quando não se está à espera.

Um abraço apertado. Um beijo sentido. Um mimo carinhoso. Um gesto ternurento. Um olhar a brilhar. Passear de mãos dadas.

Conduzir numa estrada sem trânsito. Larga. Sem curvas. Na luz do dia. O pé a pesar no pedal do acelarador. A música aos berros.

Ir para a montanha no Inverno. Os skis nos pés. A paisagem branca. Ir para fora de pista. Cair sem me magoar. Ficar com o gorro, o cabelo e os óculos cheios de neve. Rir sem conseguir parar estendida no chão. Baixar-me e deixar-me ir a toda a velocidade, a sentir o vento gélido na face que o cachecol não consegue tapar… As tostas mistas ao final do dia. O chá a ferver à noite. A lareira acessa. O edredon fofinho. O filme no aconchego.

Vestir roupa nova. Sentir-me bem. Receber um elogio.

A minha pika. Os mimos. As brincadeiras. A companhia. Os passeios na praia.

Partilhar. Sonhar. Fantasiar. Lutar. Concretizar. Ganhar. Dar. Receber. Amizade. Amor. Sinceridade. Honestidade. Humildade. Simplicidade. Segurança. Confiança. Liberdade. Tranquilidade.

A felicidade é...
(por Miguel Esteves Cardoso com alguns comentários meus)

"...Feliz é uma coisa que se é ou não é. Não se pode "estar" feliz. Pode-se estar bem disposto, pode estar-se alegre, pode estar-se satisfeito, mas feliz é a coisa que simplesmente não faz sentido estar. Ou se é ou não se é.

...Feliz é também uma coisa que ninguém se torna, que ninguém fica e que ninguém compra. Ou se é ou não se é. É como ser louro (apesar de eu achar que ser feliz é mais parecido com ser moreno). As pessoas felizes são aquelas que têm vergonha de falar nisso. Em Portugal, dizer "eu sou feliz" é como dizer "eu sou rico". É escandaloso.

...Para se ser feliz é preciso ser um bocado parvo. [concordo em pleno!! Estou sempre a dizer "sou tão parva!". Afinal ando sempre a dizer que sou feliz]

...As pessoas felizes só pensam nos outros. É como se não existissem. É por isso que conseguem ser felizes. É uma ilusão de óptica muito bem feita. Ninguém é mais feliz que o homem invisível.

...Para se ser feliz é preciso ser-se um pouco cegueta. [eu sou, eu sou!!] Entre as coisas que as pessoas miseráveis, normais, estão sempre a chamar às pessoas felizes, há: ingénua, lírica, naïf, boazinha. Aquela de que gosto mais é "Vives noutro mundo!". Haverá coisa melhor que viver noutro mundo, para quem conheça minimamente este? [Agora percebo porque todos dizem que sou ingénua e boazinha. Acabou-se a minha dúvida existencial! Também estou sempre a queixar-me que quero pôr os pés na terra e não consigo...afinal os outros é que estão mal!]

...Em Portugal, a felicidade é reprimida. A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os portugueses, quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles.

...Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são mais interessantes. Nós, os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes. [Com isto só posso ser a favor da extinção de Portugal!]

...E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de culpa.

...As pessoas felizes precisam de se afirmar, de deixar de fingir que também estão permanentemente na fossa. Devia haver emblemas grandes a dizer "EU SOU FELIZ E ESTOU-ME NAS TINTAS" ou "EU SOU FELIZ E NÃO TENHO CULPA".

...As pessoas felizes também choram, também sofrem, também se angustiam. Só que menos. Aliás, muito menos..."